PUBLICIDADE

Cada vez mais em uso, fracking tem prós e contras

21 mar 2013 - 08h43
(atualizado às 10h48)
Compartilhar

Método especial para extração de gás natural é alternativa diante do esgotamento de reservas facilmente acessíveis. Mas uso de produtos químicos impõe riscos e gera questionamentos entre políticos e especialistas.

O gás natural está se tornando cada vez mais importante como fonte de energia – principalmente por liberar menos poluentes que a madeira e o petróleo. Além disso, as usinas de gás podem compensar eventuais quedas na produção de energia solar ou eólica, quando o tempo não colabora.

O único problema é que, em vários países, as reservas facilmente exploráveis estão se esgotando. Na Alemanha, por exemplo, a produção de gás natural diminuiu 30% desde 2006. Apenas 12% do gás consumido pelo país é de produção própria.

Para reverter esse quadro, as empresas produtoras de energia querem explorar reservas antes consideradas não rentáveis. Entre elas está o gás oriundo de camadas de xisto encontradas no subsolo, que está armazenado em pequenos poros e fissuras das rochas. Para extraí-lo, é necessário usar um método especial, o fraturamento hidráulico, também conhecido pelo nome em inglês – fracking.

O método consiste em criar fraturas (fractures em inglês, daí o nome fracking) nas rochas, para que o gás armazenado nos poros possa ser liberado. Ele funciona da seguinte maneira: água misturada com produtos químicos e areia é bombeada sob alta pressão para dentro de um poço de gás. Como o fluído está sob alta pressão, ele cria as fraturas nas rochas de xisto. Essas fraturas unem os poros com gás, até então isolados uns dos outros. Como consequência, o gás natural contido nas rochas é liberado e pode ser bombeado para fora da terra.

Prática comum nos EUA

Nos Estados Unidos, o fracking vem sendo utilizado em larga escala há mais de dez anos – estima-se que mais de um milhão de vezes. Hoje, o gás oriundo de camadas de xisto já responde por cerca de 30% da produção. O outro lado da moeda: em regiões como o Texas, os poços estão por todos os lados, e nem todos foram vedados de forma adequada. Alguns expelem gás metano, o que pode contaminar reservatórios de água.

Também na Alemanha existem depósitos de gás de xisto. Quando empresas como a ExxonMobil solicitaram licenças para a perfuração de poços de fracking nos estados da Baixa Saxônia e da Renânia do Norte-Vestfália, surgiu uma onda de protestos por parte da população e também de empresas fornecedoras de água.

Os críticos argumentam que alguns dos produtos químicos utilizados no fracking são tóxicos e podem poluir a água. Além disso, a exploração do gás natural pode afetar os reservatórios subterrâneos de água, o que levaria substâncias poluentes e radioativas à superfície. Em comparação aos métodos tradicionais, o fracking precisa de um espaço maior para a construção de poços – um incômodo extra para os moradores da região.

Limpeza e segurança

Nos EUA, alguns especialistas questionam as denúncias de que fracking seja responsável pela contaminação de reservas de água. Segundo eles, a contaminação da água por metano pode vir de perfurações inadequadas ou pelo simples apodrecimento de materiais orgânicos presentes no solo.

Apesar desses argumentos, a desconfiança existe – e não só da parte de moradores e empresas de distribuição de água, mas também de políticos e órgãos públicos. Diversos pareceres, incluindo um das autoridades ambientais alemãs, afirmam que o fracking só pode ser permitido dentro de determinadas condições.

A parte tóxica dos produtos químicos, por exemplo, deve ser substituída por substâncias inofensivas. Já está sendo testado um método de esterilização da água com o uso de raios ultravioletas, para que biocidas tóxicos não sejam mais utilizados. Ambos dificultam o desenvolvimento de bactérias no solo.

A indústria procura se manter flexível. A ExxonMobil anunciou que não usará mais substâncias classificadas como tóxicas. Por muito tempo, a empresa vinha mantendo em segredo a composição dos seus coquetéis químicos, mas agora os dados já estão disponíveis na internet.

Antes da realização de cada fraturamento hidráulico, exige-se uma avaliação geológica do local. O objetivo é examinar minuciosamente as condições das rochas, a partir da análise da espessura da camada de cobertura e da distância para a água no subsolo. Se for constatada alguma possibilidade de risco, o fracking deverá ser evitado.

Outros questionamentos sobre a limpeza da água

Outro problema é como se desfazer da água que é bombeada até a superfície com o gás, que contém não apenas o fluido do fracking, mas também metais pesados e hidrocarbonetos, podendo também trazer substâncias radioativas. As estações de tratamento não conseguem remover esses tipos de resíduos.

Por esse motivo, a indústria quer colocar outro plano em prática, que resulta em levar os resíduos para depósitos de lixos tóxicos. Para os críticos, essa não é a solução adequada. Eles temem que a água poluída abra um caminho através das rochas e contamine os reservatórios de água potável. Outra solução seria realizar a desintoxicação com um sistema especial de evaporação e filtragem, mas o procedimento é caro.

Devido aos riscos, o fracking não deveria ser realizado em áreas onde se localizam reservatórios de água potável. Além disso, deveria ser obrigatória a avaliação detalhada dos possíveis impactos ambientais em cada local de abertura de poços, mas os critérios dessa avaliação ainda não foram detalhados.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Compartilhar
TAGS
Publicidade