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Botswana sedia conferência mundial sobre combate a tráfico de espécies protegidas

24 mar 2015 - 17h49
(atualizado às 17h49)
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A luta contra o tráfico de espécies protegidas, que ameaça a biodiversidade e também nutre organizações criminosas, será discutida numa conferência mundial que começa nesta quarta-feira em Kasane, Botsuana.

A conferência deve fazer um balanço das metas estabelecidas em 2014 pelos 46 países que assinaram a "Declaração de Londres sobre o comércio ilegal de animais silvestres", na primeira reunião mundial sobre o assunto.

Os especialistas concordam que a destruição de habitats naturais, em particular o desmatamento, é a principal causa de extinção de espécies, à frente das mudanças climáticas e da poluição.

Em seguida, vem o tráfico de espécies protegidas, tema da conferência de Kasane.

"As espécies nunca estiveram tão ameaçadas como agora, com uma taxa de extinção de 100 a 1000 vezes superior ao ritmo natural", alertou o diretor-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), uma das ONGs associadas à Declaração de Londres.

"O ser humano é responsável", acrescentou.

Várias espécies emblemáticas, como o rinoceronte, o elefante ou o tigre são vítimas principalmente do tráfico internacional.

Mas milhares de espécies, como tartarugas marinhas e plantas raras ou árvores de madeiras preciosas, também são dizimadas pela caça ilegal e extração ilegal de madeira.

Além de causar danos irreparáveis à biodiversidade, o comércio ilegal de espécies protegidas alimenta máfias ou grupos armados em todo o mundo.

Este comércio representa 19 bilhões de dólares por ano.

"O crime organizado está envolvido em grande escala", afirmou Carlos Drews, diretor do programa mundial para espécies protegidas do Fundo Mundial para a Natureza (WWW).

"O tráfico de animais silvestres tornou-se uma ameaça não só para animais emblemáticos, mas também para a segurança regional, o Estado de direito, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade das comunidades locais", acrescenta Drews.

Grupos armados em várias partes da África são financiados pelo comércio de marfim, dizem especialistas em caça ilegal de elefantes.

"A Declaração de Londres virou a maré na luta contra este tipo de crime. Em Kasane, os países podem reforçar os compromissos de Londres e outras medidas", comemorou Heather Sohl, especialista em espécies em perigo da WWF.

"Mas não o suficiente para conter a caça ilegal, os países também devem fazer mais para reduzir a demanda por produtos provenientes do tráfico ilegal".

A conferência de Kasane estudará várias medidas, incluindo a redução da procura por parte dos consumidores, particularmente na China.

Eles estudam também reforçar a fiscalização contra caçadores ilegais e traficantes, melhorando a cooperação entre os estados e combatendo este crime como se luta contra o terrorismo.

A conferência também buscará que os países onde a caça é praticada se engajem mais na luta contra o tráfico e tirem benefícios dessa luta, em particular no desenvolvimento do turismo.

"Os governos progrediram na luta contra o tráfico de espécies desde a Conferência de Londres", disse Sabri Zain, diretor da TRAFFIC, uma rede de monitoramento de comércio ilegal de fauna e flora silvestres.

"Mas são necessários mais recursos e medidas para garantir que a vontade se traduza em melhorias tangíveis no terreno", acrescentou Sabri Zain.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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