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Austrália mata centenas de coalas que passavam fome

4 mar 2015 - 10h12
(atualizado às 10h12)
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As autoridades australianas mataram quase 700 coalas em uma região onde os marsupiais estavam condenados a morrer de fome em consequência da superpopulação, o que provocou indignação entre os grupos de defesa dos animais.

Os coalas foram anestesiados e depois mortos em 2013 e 2014 na região de Cape Otway, costa sudeste da Austrália, anunciou a ministra do Meio Ambiente do estado de Victoria, Lisa Neville.

"A operação era indispensável para evitar o sofrimento dos coalas que não tinham como se alimentar, em consequência da superpopulação na região", disse a ministra, que no momento da 'eutanásia' não estava no governo.

Sem folhas de eucalipto, seu alimento preferido, os coalas eram obrigados a comer a casca das árvores, o que não os nutria de forma suficiente.

Os marsupiais sofriam uma longa agonia e os cadáveres cobriam a costa, declarou o gerente de um camping da região, Frank Fotinas.

"Os coalas que morriam de fome eram mais numerosos que os submetidos à eutanásia. Tinha cheiro de morte", contou Fotinas.

Lisa Neville declarou que um grupo de especialista está trabalhando para melhorar as condições de vida dos coalas, mas não descartou novas operações similares.

Em 2013 e 2014 foram eliminados 686 coalas.

"A experiência mostra que o deslocamento dos coalas não funciona e pode, ao contrário, provocar mais sofrimentos", afirmou a ministra ao canal ABC.

"Devemos revisar a estratégia de gestão dos coalas para conter o crescimento da população, que continua a um ritmo muito intenso", completou.

A fundação 'Australian Koala', que calcula a existência de 100.000 coalas no país, denunciou a atitude das autoridades.

"O que fizeram é chocante. Por quê deixaram que a situação se deteriorasse?", questionou a diretora executiva da fundação, Deborah Tabart.

O zoólogo e especialista em coalas Desley Whisson explicou que a população de Cape Otway aumentou muito desde a introdução de coalas retirados de French Island, uma ilha do estado de Victoria transformada em santuário no século XX para proteger os animais dos caçadores.

A escassez de animais predadores na ilha, como a águia 'wedge tailed', favoreceu a reprodução nos anos 80, provocando uma situação crítica, o que resultou na transferência de muitos coalas para Cape Otway.

Whisson defendeu a intervenção das autoridades ao argumentar que a medida significou "tirar os coalas de seu destino miserável".

Apesar do anúncio ter provocado uma grande comoção, o cenário em Cape Otway é excepcional, pois a população dos pequenos marsupiais, muito vulnerável, diminui rapidamente com a perda de seu habitat, as doenças, os ataques dos cães e os incêndios florestais.

Mas um dos principais fatores de mortalidade é a clamídia, uma doença transmitida sexualmente que provoca a esterilidade.

Quando os primeiros colonos chegaram à Austrália em 1788, a população de coalas era de quase 10 milhões.

Como vivem nas copas das árvores é difícil avaliar exatamente a população atual que, segundo diversas fontes, varia de 45.000 a 100.000.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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