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Aquecimento global leva malária a regiões antes sem a doença

7 mar 2014 - 16h53
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Um estudo realizado por pesquisadores americanos sugere que o aquecimento global está levando a malária para regiões onde a doença não ocorria antes.

Cientistas da Universidade de Michigan descobriram que populações vivendo nas regiões mais altas da África e da América do Sul correm um risco cada vez maior de contrair malária.

O parasita da malária e o mosquito que o transmite não conseguem se adaptar ao ar mais frio tradicionalmente encontrado nessas regiões. Por isso, a doença é contraída em regiões mais baixas e quentes.

Os pesquisadores acreditam que o aumento das temperaturas no futuro pode resultar em milhões de novos casos em algumas áreas.

"O impacto em termos de aumento do risco à exposição à doença é muito grande", disse Mercedes Pascual, a líder da pesquisa.

"O risco da doença diminui com a altitude e esta é a razão histórica de as pessoas terem ido viver nestas regiões mais altas", afirmou a pesquisadora.

Colômbia e Etiópia

Para investigar esta mudança, os cientistas analisaram áreas muito populosas em regiões altas da Colômbia e da Etiópia, onde existem registros detalhados de temperaturas e casos de malária desde a década de 1990 até 2005.

Eles descobriram que, em anos mais quentes, a malária foi para áreas mais próximas do alto das montanhas. Em anos mais frescos, a doença se limitou a elevações menores.

"Esta expansão pode, de certa forma, explicar uma parte substancial do aumento do número de casos que já observamos nestas áreas", disse a professora.

Na Etiópia, por exemplo, onde quase metade da população vive em uma altitude entre 1,6 mil e 2,4 mil metros, os cientistas acreditam que poderão ocorrer muitos outros casos com a elevação nos termômetros.

"Estimamos que, com base na distribuição da malária com a altitude, o aumento de um grau na temperatura pode levar a 3 milhões de casos adicionais por ano em crianças com menos 15 anos", afirmou a pesquisadora.

A equipe também acredita que, pelo fato de estas pessoas nunca terem sido expostas à malária, elas estão particularmente vulneráveis à doença.

E as tentativas de conter a expansão da doença devem se concentrar nas áreas que são limítrofes, entre as regiões mais baixas e as mais altas. É mais fácil controlar a doença em altitudes menores, onde ela já se estabeleceu.

Segundo as últimas estimativas da Organização Mundial de Saúde, foram registrados em 2012 cerca de 207 milhões de casos de malária e estima-se que 627 mil mortes.

A maioria desses óbitos ocorreu entre crianças vivendo na África.

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