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Antártica, um território internacional dedicado à ciência

1 abr 2014 - 11h14
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Território internacional dedicado à ciência, a Antártica atrai cientistas do mundo todo, sobretudo especialistas em clima, mas também um número crescente de turistas, ansiosos por descobrir os encantos do "continente branco".

O continente foi sendo progressivamente descoberto entre 1820 e 1840 por exploradores russos, britânicos e franceses. Mas foi só no século XX que a Antártica foi realmente explorada. Em 14 de dezembro de 1911, o norueguês Roald Amundsen foi o primeiro a chegar ao Polo Sul geográfico, ao final de uma viagem épica com o britânico Robert Scott, que perderia a vida ali.

Continente de extremos, a Antártica coleciona superlativos: é o mais frio, o mais seco, o mais deserto, o que tem mais ventos e também o mais elevado, com altitude média de 2.300 metros.

Com uma superfície de cerca de 14 milhões de quilômetros quadrados no verão, tem um território quase duas vezes maior que o do Brasil (8,515 milhões de quilômetros quadrados).

No inverno, quando uma camada de gelo se forma na superfície do oceano glacial antártico, seu território pode se estender a 30 milhões de quilômetros quadrados, a mesma superfície da África inteira.

Este continente é regido pelo Tratado da Antártica, firmado em 1959 e com entrada em vigor em 1961. O documento proíbe qualquer militarização do continente, reservando-o "exclusivamente a atividades pacíficas" e garante a liberdade de pesquisa científica. O tratado situa o território fora de uma soberania nacional e congela qualquer reivindicação territorial sobre ele. No entanto, sete países reivindicam direitos territoriais no continente: Austrália, Argentina, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido.

- Que tipo de pesquisas são realizadas ali?

As pesquisas realizadas na Antártica são "principalmente ligadas às mudanças climáticas", explicou à AFP Yves Frenot, diretor do Instituto Polar Francês Paul-Emile Victor. "Os dois polos frios do planeta atuam na circulação dos oceanos, o que produz o clima do planeta", afirmou. São feitas reconstituições dos climas do passado, "com testemunhos de gelo, porque ele grava a memória do clima". Também são realizadas pesquisas sobre o buraco na camada de ozônio, a química da atmosfera, a evolução da biodiversidade, astronomia, etc.

Há entre 70 e 80 estações, mas apenas 40 são permanentes (abertas durante todo o ano, no verão e no inverno), explicou Yves Frenot. Com exceção de três, as estações se situam no litoral. No período do verão (dezembro a março), entre 4.000 e 4.500 pessoas, entre cientistas e pessoal logístico, permanecem na Antártica. Os americanos são os mais numerosos (cerca de 2.000). No inverno, menos de duas mil pessoas permanecem na Antártica.

Além dos Estados Unidos, os países mais ativos na Antártica são Austrália, Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália, afirmou Yves Frenot.

- São feitas pesquisas sobre recursos naturais na Antártica?

Em 1991, o Protocolo de Madri, relativo à proteção ambiental e com vigência de 50 anos, proibiu qualquer exploração de minérios e petróleo na Antártica. O continente obteve, com este documento, o estatuto de "Reserva natural internacional consagrada à ciência e à paz". Qualquer pesquisa com fim diferente do científico é proibida.

- E quanto ao turismo ? Qual a situação do turismo na Antártica atualmente ?

O turismo se desenvolveu muito : passamos de 4.000 turistas ao ano no começo dos anos 1990 a uma média de 30.000 turistas/ano atualmente, indicou Yves Frenot.

- Como estes turistas chegam à Antártica?

"Noventa e cinco por cento deles chegam em cruzeiros ou em pequenos voos", procedentes de cidades no extremo sul da América do Sul, como Ushuaia (Argentina) ou Punta Arenas (Chile), explicou à AFP Christian de Marliave, diretor das expedições Paulsen, dedicadas a regiões polares. "As pessoas querem ver icebergs, mamíferos marinhos, pinguins. Alguns visitam alguma base científica", explicou. "Outros, mais aventureiros, vão ao interior do continente, a bordo de pequenos aviões", e lá praticam esqui e escalada, prosseguiu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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