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Águias reais sobrevoam estepes cazaques pela arte da cetraria

23 nov 2015 - 00h57
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O frio chegou ao coração do Cazaquistão, as estepes estão cobertas de um manto espesso de neve, e as águias reais voam às ordens dos cetreiros.

A cetraria, arte de criar, cuidar e adestrar águias, falcões e demais aves que sirvam para a caça é um das práticas ancestrais do povo cazaque que passa de geração em geração e constitui uma tradição nacional.

A 30 quilômetros de Astana, em plena estepe, 18 homens se reúnem com frequência para trocar conhecimentos e fazer suas aves voarem.

Bakdaulet Babazhan, ganhador do último campeonato de cetraria realizado no Cazaquistão, trabalha com uma águia.

"A águia simboliza a liberdade e faz parte de nossa bandeira nacional," disse Babazhan.

Enquanto explica estes detalhes, a águia de Babazhan, Kapsalgan, descansa sobre seu braço que está protegido por uma luva de cetreiro.

Momentos depois, ele dá a ordem de voar e, enquanto isso, explica o treino e a técnica da cetraria, ou "burkitshy" em língua cazaque.

"Uma águia ou qualquer outra ave adestrada nas artes da cetraria deve voar 300 metros e retornar à mão de seu treinador", afirmou.

Kapsalgan executa a ordem, voa sobre as estepes nevadas, plana e pousa no braço de seu adestrador.

"O passo seguinte do treino consiste em pegar uma ave artificial, que está presa a um cavalo, e retornar com ela à mão de seu proprietário", acrescentou o cetreiro.

"Posteriormente, a ave deve caçar um coelho, uma raposa ou qualquer outro animal. É a terceira etapa do treino, e também das competições de nosso país que remontam a nossa época de nômades", explicou Babazhan, enquanto Kapsalgan pousa sobre seu ombro.

"Kapsalgan tem quatro anos e só atende a minha voz. Não tem medo dos animais selvagens. Me sinto muito orgulhoso desta águia que apanhou lobos em duas ocasiões", acrescentou.

Bakdaulet Babazhan herdou a paixão pela cetraria de seus ancestrais.

"Desde minha infância senti interesse pelas aves. Comecei a treinar Kapsalgan desde seu nascimento. Não é uma tarefa fácil, mas quando a ave executa todas as ordens, te dá uma imensa satisfação", concluiu.

O Cazaquistão quer manter viva esta tradição que o Ministério da Agricultura pretende popularizar.

"As aves de caça fazem parte da história do Cazaquistão. Tiveram durante milhares de anos um papel importante na vida e na cultura dos nômades", disse à Agência Efe o vice-presidente da Comissão Florestal e de Fauna do Ministério da Agricultura, Nariman Zhunusov.

"Este tipo de caça representa uma atitude de respeito à natureza", acrescentou o representante do Ministério da Agricultura.

"A caça com águias é o tipo mais interessante e honesto da caça; sem o uso de armas de fogo ou outras técnicas modernas", frisou Zhunusov.

A realização de torneios e o apoio à cetraria visa a conservação das aves de rapina, que estão em perigo de extinção. A ONG Kansonar tem registradas mais de 165 espécies de aves, acrescentou Zhunusov.

Segundo o Ministério da Agricultura, 489 espécies de aves podem ser encontradas no Cazaquistão, sendo que 396 delas vivem no país, e o resto aparece no inverno e migra na primavera e no outono.

Os criadores especializados em espécies raras ou ameaçadas de aves de rapina criaram 738 falcões-sacre e 15 de águia real em um habitat natural.

Em 2010, a caça com águias foi incluída oficialmente na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.

EFE   
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