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Acordo sobre clima é "tarefa difícil", mas contexto é favorável

26 mai 2015 - 15h57
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O contexto é favorável à conclusão de um acordo sobre o clima na Conferência de Paris, que será realizada em dezembro - afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, embora acredite que alcançá-lo seja uma tarefa difícil.

"Há um tom positivo e uma dificuldade extrema", declarou Fabius em entrevista a agências de notícias, entre elas a AFP.

"Acredito que se tivermos sucesso", Paris será "o começo de uma nova situação", disse Fabius, que presidirá a Conferência COP21.

Os representantes de 195 países e da União Europeia se reunirão no final de novembro com o objetivo de chegar a um acordo para limitar a 2 graus Celsius o aquecimento global em comparação à era pré-industrial.

A última tentativa de chegar a um acordo global sobre o clima fracassou em 2009 em Copenhague.

Na avaliação de Fabius, o que ocorreu em 2009 foi resultado da falta de preparação dos temas antes do início da conferência. Além disso, segundo ele, predominou a ideia de que "nos últimos dias os grandes chegam e resolvem as coisas no lugar dos negociadores, e isso não funciona".

Para evitar isso, a proposta é que "os chefes de estado e de governo venham para o início da conferência, para enviar uma mensagem política positiva".

O chanceler francês considerou que neste momento há "razões objetivas" para esperar um sucesso.

"Lamentavelmente a situação piorou, e por isso a necessidade de se chegar a um acordo político sobre a mudança climática é hoje mais forte do que antes", explicou. "Cientificamente, há muito menos contestação sobre a realidade do fenômeno e sobre sua origem humana".

Paralelamente, "as empresas e os meios econômicos são muito sensíveis" ao tema.

"O mundo financeiro começa a se mexer pelo clima", ressaltou Fabius, aludindo ao fato de que alguns investidores estão se afastando do carvão em favor de energias mais limpas.

O chanceler francês citou em particular "a agência de classificação Standard and Poor's, que acaba de incluir o risco climático entre seus elementos de qualificação" e o "Bank of America-Merrill Lynch, que decidiu deixar de financiar usinas de carvão tradicionais".

Em outubro passado, na reunião do FMI e do Banco Mundial em Lima, uma sessão especial foi dedicada ao clima. "É uma atitude bastante nova", comentou.

Politicamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e os líderes chineses "se comprometeram na luta contra as alterações climáticas, já que são as duas principais fontes" de gases de efeito estufa no mundo, apontou o ministro.

A posição chinesa é "evidentemente uma mudança importante", estimou Fabius, declarando-se "convencido" de que a realidade de seus esforços sobre o clima" ultrapassará até mesmo seus compromissos".

No entanto, o ministro das Relações Estrangeiras francês disse que é preciso "ser cauteloso, muito cauteloso", já que "chegar a um acordo entre 196 partes é extremamente difícil".

Entre as questões "complicadas", citou em particular os "problemas de financiamento" na luta contra o aquecimento global.

Em relação aos compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa, apenas 38 países (um terço das emissões globais) tinha até então apresentado suas contribuições.

"Espero, mas não tenho certeza, que no momento da Conferência de Paris nós estejamos em pelo menos 90% das emissões", afirmou.

"No final do ano, teremos, por um lado, os compromissos em termos de números dos países e, por outro, compromissos de grandes empresas, de setores econômicos, de instituições financeiras, o que dará um aspecto muito específico da luta contra o aquecimento global", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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