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A 20 dias do "fim do mundo": bunker vira mansão sob a terra

1 dez 2012 - 08h47
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Aceita a teoria de que o mundo vai acabar, mas não aceita que você vai acabar junto com ele? Você não está sozinho. Convictas de que o propalado apocalipse maia se tornará realidade, algumas pessoas decidiram desafiar profecias e cavar sua sobrevivência na Terra. Nem todas têm certeza do que estão fugindo: chuva de meteoros, colisão com outro planeta, inversão dos polos, tempestades solares, visitas de extraterrestres. Essas são todas situações catastróficas baseadas, supostamente, nos dizeres maias. Contra algumas, um bunker pode ser útil.

Empresas fazem bunkers que podem ser verdadeiras mansões embaixo da terra
Empresas fazem bunkers que podem ser verdadeiras mansões embaixo da terra
Foto: 2012 Terravivos.com / Divulgação

O que é um bunker

Os bunkers surgiram na Primeira Guerra Mundial - estendendo-se para os demais conflitos bélicos que vieram a seguir. Serviam para proteger, além dos soldados, combustível e munição de projéteis inimigos, que poderiam danificá-los ou fazê-los explodir. Mais tarde, passaram a ser utilizados também para proteção contra fenômenos naturais, como tornados. "Bunkers são estruturas construídas abaixo do nível do solo, geralmente reforçadas por concreto e chapas de aço, e que servem de abrigo para pessoa ou grupo de pessoas", explica Irenaldo Pereira, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada (Sindesp) do Distrito Federal.

Ele também dá uma pista sobre uma terceira finalidade que o bunker adota nos dias atuais: proteção pessoal contra a criminalidade. Segundo Pereira, há uma onda generalizada de insegurança, que se propaga mais por indução do que pela falta real de segurança. Assim, as pessoas reforçam suas residências com cercas elétricas, sistemas de monitoramento, interfones e quartos seguros (cômodos secretos, altamente reforçados, que servem como abrigo nas casas em caso de desastre ou invasão do domicílio). "Isso tem levado as pessoas de poder econômico mais elevado a adotar algumas medidas na intenção de aumentar a sensação de segurança, uma vez que, em tese, passam a ser os alvos exatamente pelo elevado poder aquisitivo", pontua Pereira, que também é proprietário de uma empresa de segurança e vigilância.

Se uma casa bem munida de equipamentos de segurança não é o suficiente, o bunker pode ser opção mais reforçada. "Nossa empresa trouxe essa tecnologia ao Brasil no ano de 2010. Desde então, recebemos várias solicitações referentes a esse produto", revela Wagner Hebling, diretor da Bunker Brasil, empresa que, além da construção dos abrigos abaixo do solo, faz blindagens arquitetônicas para grandes construtoras, empresas e pessoas físicas.

Situações catastróficas

Segundo Hebling, os bunkers de sua empresa são construídos para proteger a vida dos clientes diante de pequenas ou grandes ameaças que possam surgir, sejam elas naturais ou causadas pelo homem. No Brasil, raramente atingido por fenômenos naturais de maior gravidade, o que motiva alguém a adquirir um abrigo é geralmente o medo de outros seres humanos. "Podemos dizer que as precauções dos nossos clientes são as mais diversas. Vão desde proteção contra assaltos até adversidades mais graves, que poderão gerar alterações sociais drásticas com as quais muitas pessoas não estão habituados a se deparar". Para Pereira, os temores aumentam devido às notícias de casos de violência veiculadas na mídia. "A preocupação se deve aos fatos e crimes que são amplamente divulgados na imprensa, como roubos em domicílio, roubos de e em veículos e a modalidade criminosa que mais cresce atualmente, o dito sequestro relâmpago", afirma.

Hebling cita outro caso particular que motiva as pessoas a planejarem a construção de um bunker para a sua proteção. "Clientes solicitam bunker também contra invasão de criminosos em suas propriedades rurais, desejando um local seguro para a permanência de sua família até o socorro policial chegar ao local, que muitas vezes é distante da área urbana."

Um bunker pode ser construído para uma pequena família ou para um grupo de mais de 100 pessoas. Além da estrutura de segurança, é desenvolvido mobiliado, pronto para morar, de modo a oferecer conforto aos refugiados. O número de cômodos e o tamanho varia, assim como o preço, que pode ultrapassar R$ 1 milhão, dependendo da complexidade e luxo. É concebido de maneira a ter seu fornecimento de água, energia elétrica e telefone independentes do restante da casa. O tempo de permanência em um bunker depende apenas da quantidade de suprimentos estocados.

Proteção antiapocalíptica

A americana Terravivos - especialmente seu CEO e fundador Robert Vicino - tem ganhado notoriedade nos últimos anos. Especializada na construção de monumentais bunkers - alguns deles são verdadeiras mansões debaixo da terra -, a empresa não resguarda o menor pudor em fazer referência, em sua comunicação publicitária, às profecias maias.

Apocalíptico, Vicino, com 20 anos de idade, já planejava construir um abrigo para mais de mil pessoas, para proteção contra um possível evento que extinguiria a humanidade. Quase 30 anos depois, em 2008, mencionou a um pequeno grupo de empresários que não tinha levado a ideia adiante pois o mundo não estava preparado para isso - ainda considerava uma preocupação tola. A resposta dos empresários foi que o momento havia chegado e que as pessoas estavam prontas para se proteger das catástrofes hipotéticas.

"O mundo está no limite, tanto economicamente quando politicamente, enquanto muitas previsões estão acontecendo. A profecia maia está no fundo de nossas mentes, mas apenas como um sinal de que é tempo para se preparar", afirma a diretora de mídia da Terravivos, Barbi Grossman.

Além de especular sobre o possível apocalipse maia, a empresa também usa possíveis situações de terrorismo nuclear e anarquia ¿ provocada pelas crises econômicas em larga escala ¿ como argumentos de venda. "As interpretações apocalípticas sempre povoaram a cabeça das pessoas, e a cada período surgem novidades no mercado tentando atrair compradores e adeptos às suas ideias de 'salvação' das catástrofes. Mais recentemente fala-se das interpretações do calendário maia", diz Irenaldo Pereira. Apesar de, em várias ocasiões, Robert Vicino ter se manifestado publicamente afirmando que uma grande quantidade de pessoas já havia reservado ou adquirido bunkers, não existe uma estatística oficial sobre essa procura ¿ segundo Pereira, por questões de segurança.

Wagner Hebling, diretor da Bunker Brasil, garante que seus clientes não procuram adquirir abrigos subterrâneos motivados pelas interpretações do calendário maia. "Eles não acreditam que o mundo irá acabar, como o divulgado fim do mundo, por muitas mídias. Também não acreditam que poderá acontecer algo realmente catastrófico em uma data específica como algumas pessoas deduzem em relação ao calendário Maias", afirma. Segundo ele, a empresa tem a sua opinião oficial e comunica isso aos clientes. "A posição da empresa Bunker Brasil é bem clara. Declaramos abertamente que não acreditamos no fim do mundo."

Fonte: GHX Comunicação
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