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China preocupada com protecionismo comercial dos Estados Unidos

A China manifestou nesta segunda-feira sua forte preocupação com as medidas comerciais protecionistas adotadas por vários países para enfrentar a crise econômica, destacando especificamente os Estados Unidos.

16 fev 2009 - 11h00
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PEQUIM, China, 16 Fev 2009 (AFP) - A China manifestou nesta segunda-feira sua forte preocupação com as medidas comerciais protecionistas adotadas por vários países para enfrentar a crise econômica, destacando especificamente os Estados Unidos.

Após a adoção da cláusula "Buy American" no plano americano de reativação econômica e a proibição da Índia de importar brinquedos chineses, o ministério do Comércio chinês advertiu que pode recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) para que contenha o protecionismo.

"Certos países adotaram cláusulas para dar preferência à compra de produtos nacionais em seus planos de estímulo da economia", destacou um porta-voz do ministério de Comércio, Yao Jian.

"Estamos profundamente preocupados com isso", destacou.

Apesar de Yao não ter mencionado nenhum país, depois falou dos EUA ao ser consultado sobre o "Buy American" do pacote de estímulo americano adotado pelos congressistas em Washington na sexta-feira passada.

"Na crise atual financeira, as medidas adotadas pelos países não devem causar impactos negativos e em particular não devem enviar mensagem equivocadas", declarou Yao.

Os comentários coincidiram com a publicação de uma nota na capa do jornal estatal em inglês China Daily na qual outro funcionário do ministério do Comércio critica a cláusula "Buy American".

"O protecionismo comercial aumentará", antecipou Mei Xinyu, especialista em comércio que trabalha no ministério, citado pelo jornal, utilizado muitas vezes pelo governo para enviar mensagens a uma audiência estrangeira.

"A tendência vai durar um tempo", acrescentou.

A cláusula "Buy American" do pacote de estímulo no valor de 787 bilhões de dólares requer o uso de aço, ferro e bens manufaturados americanos ou de parceiros com tratados de livre comércio em projetos de obras públicas financiados pela lei.

Segundo Mei, "a China pode se tornar uma vítima deste protecionismo".

Em um editorial publicado no fim de semana, a agência de notícias estatal Nova China afirmou que o protecionismo é um veneno.

"A história e a economia nos mostraram que diante de uma crise financeira mundial, o protecionismo comercial não é uma solução, mas sim um veneno", destacou Xinhua.

"A experiência demonstrou que o protecionismo comercial não protege nenhum país de nada. Durante a Grande Depressão dos anos 30, as medidas protecionistas adotadas por países como EUA desataram guerras comerciais, prejudicando ainda mais o comércio e a economia mundial", acrescentou.

A linguagem da cláusula "Buy American" foi suavizada para destacar que a ordem de utilizar produtos americanos deve ser aplicada em cumprimento às regras da OMC>

O presidente americano Barack Obama também indicou que não quer que os pacotes de estímulo contenham medidas protecionistas.

Mas a cláusula, embora tenha sido diluída, gerou preocupação na China e em outros países, inclusive no Canadá, maior sócio comercial dos EUA, e também no Brasil.

A China também manifestou preocupação com a imposição em janeiro de uma proibição da Índia de importar brinquedos chineses durante seis meses e ameaçou pedir à OMC que resolva a disputa.

wf-kma/lm/fp

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