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Charges de Maomé são encaradas como nova provocação por muçulmanos

19 set 2012 - 17h31
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A publicação de charges de Maomé em um jornal francês levou instituições e grupos islâmicos do Egito a condená-las nesta quarta-feira, classificando-as como "uma nova provocação".

Após a divulgação do vídeo anti-Islã "A Inocência dos Muçulmanos", as caricaturas do "Charlie Hebdo" geraram mais tensão em países muçulmanos como o Egito, que advertiram sobre as possíveis consequências desta segunda ofensa.

O porta-voz da Irmandade Muçulmana, Mahmoud Gazlan, disse à Agência Efe que as charges são "uma nova cruzada de ódio que não respeita a sacralidade do Islã".

Segundo Gazlan, "o objetivo desta campanha é provocar os muçulmanos, especialmente os países da primavera árabe, para prejudicar a sua estabilidade incipiente".

O porta-voz lamentou que o Ocidente não respeite "os sentimentos e símbolos" dos muçulmanos, e alegou que eles o fazem com o cristianismo.

Para Gazlan, é paradoxal que exista uma lei no Ocidente punindo a negação da existência do Holocausto e não tenha uma que condene as ofensas contra as religiões.

A capa do "Charlie Hebdo" mostra um muçulmano em cadeira de rodas empurrado por um judeu, sob o título de "Intocáveis", em referência ao filme de maior bilheteira da França, enquanto nas páginas interiores o profeta aparece nu e em atitudes indecentes.

As caricaturas levaram a França a decretar o fechamento de suas representações diplomáticas, centros culturais e escolas em mais de 20 países considerados sensíveis. A instituição Al Azhar, a mais prestigiada do Islã sunita, também criticou a publicação das charges.

Em comunicado, o ímã da Al Azhar, o xeque Ahmed al Tayeb, expressou sua "rejeição absoluta" e a de todos os muçulmanos pela insistência do jornal francês em divulgar "caricaturas ofensivas ao Islã e a seu profeta".

Para Tayeb, a liberdade de expressão não deve prejudicar a liberdade de outros, já que assim se transforma em "um excesso, em menosprezo e ignorância sobre as religiões e culturas".

O xeque afirmou, além disso, que a publicação das caricaturas reflete "a negação do grande papel desempenhado pelo Islã e sua civilização".

A Liga Árabe também expressou sua condenação da publicação, que acontece em um momento sensível após os distúrbios em vários países pelo vídeo "A Inocência dos Muçulmanos".

O secretário-geral da organização, Nabil al Araby, considerou que as charges "representam uma provocação de muito mal gosto que aumenta ainda mais a complexidade da situação de tensão no mundo islâmico após a difusão do vídeo".

Segundo Araby, esse tipo de ofensa religiosa se caracteriza pela discriminação e alimenta a violência e o extremismo, por isso pediu tolerância, compreensão e respeito à cultura dos demais.

A Liga Árabe está preparando um convênio internacional para impor sanções àqueles que insultam as religiões, anunciou Araby em entrevista coletiva hoje no Cairo.

O dirigente da organização árabe destacou que iniciou contatos com a União Europeia (UE), a União Africana (UA) e a Organização de Cooperação Islâmica (OCI) para lançar um comunicado que "proíba o insulto às religiões".

O respeito às religiões será um dos principais assuntos que Araby abordará na semana que vem durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

A nova polêmica acontece um ano depois do incêndio criminoso da redação do "Charlie Hebdo", em Paris, após a publicação de caricaturas de Maomé.

O temor de novos incidentes violentos levou o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, a considerar "pouco inteligente" a atitude do jornal parisiense.

Fabius afirmou no Cairo, onde está em viagem oficial, que a publicação das caricaturas "põe mais lenha na fogueira". EFE

mv-aj/rpr/id

EFE   
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