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Cerimônia de beatificação de Irmã Dulce poderá atrair 70 mil pessoas

18 mai 2011 - 06h02
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A Igreja Católica beatificará no próximo domingo na cidade de Salvador Irmã Dulce (1914-1992), conhecida como "o anjo bom da Bahia", que dedicou sua vida aos pobres e doentes.

A missionária nasceu no dia 26 de maio de 1914 em Salvador com o nome Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, e pode se transformar na primeira santa nascida no Brasil, país com o maior número de católicos do mundo.

Em 1932, com 18 anos, Irmã Dulce entrou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, em Sergipe. A beatificação será celebrada no parque de exposições de Salvador e será presidida pelo arcebispo da cidade e cardeal primaz, Murilo Krieger. Segundo estimativa dos organizadores, o ato conta com a presença de 70 mil fiéis e a participação de autoridades civis e religiosas.

Para o cardeal, a beatificação da missionária recai em uma pessoa "frágil, pequena e delicada", que "sempre conseguiu ajudar" os doentes dos quais cuidava.

Da mesma forma que a madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce dedicou sua vida a serviço dos necessitados e desenvolveu uma obra social na Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que administrou até sua morte, no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos.

A freira baiana chegou a concorrer ao prêmio Nobel da Paz em 1988 e recebeu a visita do então papa João Paulo II pouco antes de morrer, durante a segunda visita do pontífice ao Brasil.

"Durante muito tempo se pensou que santidade era algo do passado ou que só acontecia na Europa", disse Krieger, que em 2002 participou da canonização da freira italiana Amabile Visintainer (1865-1942), que passou a ser chamada Santa Madre Paulina.

O processo de beatificação da Irmã Dulce começou em 1999. Quatro anos depois, em 2003, dez médicos brasileiros e três italianos relataram um "caso extraordinário de cura", milagre que foi reconhecido por unanimidade pela Congregação para as Causas dos Santos.

O milagre ocorreu em janeiro de 2001, quando Claudia Santos de Araújo, de Sergipe, devota da Irmã Dulce, sofreu uma grave hemorragia durante o parto e ficou em coma. Os médicos lhe deram apenas horas de vida.

No entanto, um sacerdote amigo que sabia da fé da mulher na missionária orou pedindo por sua saúde, e em questão de horas ela estava completamente recuperada. Dois dias depois, recebeu alta do hospital com seu bebê, sem explicação médica.

Irmã Dulce foi declarada venerável pelo Vaticano em 2009 e, no ano passado, quando seu corpo foi exumado e transferido para a catedral de Salvador, estava intacto, mumificado naturalmente, o que foi interpretado pela igreja como um sinal de santidade.

"Sua caridade foi maternal, delicada. Sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e trouxe energia e meios para colocar em prática uma impressionante atividade de serviço aos mais humildes", consignou em seu voto um dos teólogos favoráveis à abertura da causa de beatificação.

As Obras Sociais Irmã Dulce, que continua o legado da freira, incluem o Complexo Roma, uma rede de hospitais e centros de saúde para os mais pobres, que atende na Bahia cinco milhões de pessoas anualmente, e o Centro Educativo Santo Antônio. Além disso, a organização administra vários centros de saúde em Salvador.

Se depois da beatificação for comprovado um segundo milagre por sua intercessão, Irmã Dulce poderá se transformar na primeira santa nascida no Brasil, país que até agora só tem no mais alto dos altares Frei Galvão (1739-1822), canonizado no dia 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI durante sua visita ao país.

A Igreja Católica tem santos que desenvolveram sua missão evangelizadora ou social no Brasil, mas nasceram em outros países, como o jesuíta paraguaio São Roque González e a italiana Santa Madre Paulina.

EFE   
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