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Mundo

Cairo começa a recuperar o ritmo depois do toque de recolher

30 jan 2011 - 06h29
(atualizado às 07h51)
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A capital egípcia começa a recuperar seu ritmo na manhã deste domingo ao terminar o toque de recolher, vigente até as 8h (horário local, 4h de Brasília), embora se veja muito menos trânsito que em um dia normal, apesar de ser dia de trabalho. Da mesma forma que no sábado, a Polícia egípcia está ausente das ruas, e os pontos estratégicos do Cairo continuam custodiados pelo Exército, que também desdobrou unidades por diferentes bairros desta capital.

Durante a noite, a vigilância ficou a cargo de patrulhas civis armadas com paus e barras metálicas, cumprindo um apelo do Exército para que os civis participem para evitar ações de pilhagem. Pouco depois de terminar o toque de recolher, estes piquetes civis começaram a se retirar e se levantaram as barreiras instaladas em muitas ruas da capital para vigiar os acessos. O metrô do Cairo funciona sem interrupções, mas o transporte público é mínimo.

A situação é especialmente preocupante na cidade de Suez, na entrada sul do canal do mesmo nome, porque, segundo a rede de televisão Al Jazeera, o Exército não esta participando ali em trabalhos de vigilância. Grande Cairo, Alexandria e Suez são as três cidades nas quais o toque de recolher rege desde sexta-feira passada, quando se intensificaram os protestos contra o regime de Hosni Mubarak, que explodiram na terça-feira passada.

Para hoje são esperados novos passos no plano político, já que está pendente a formação de um novo governo, depois que Mubarak nomeou o general Ahmed Shafiq como novo primeiro-ministro, em substituição do civil Ahmed Nazif. Além de Shafiq, Mubarak designou o também geral Omar Suleiman como vice-presidente da República, cargo vago desde que Mubarak chegou ao poder, em 1981, após o assassinato do presidente Anwar el-Sadat. Grupos da oposição e manifestantes das ruas rejeitaram que estas nomeações seja a solução que se está esperando, e continuam pressionando para que Mubarak deixe o poder.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, não renunciou. Segundo o último balanço feito pela agência AFP junto a fontes médicas, já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.

Durante a noite, a vigilância ficou a cargo de patrulhas civis armadas com paus e barras metálicas, cumprindo um apelo do Exército para que os civis participem para evitar ações de pilhagem
Durante a noite, a vigilância ficou a cargo de patrulhas civis armadas com paus e barras metálicas, cumprindo um apelo do Exército para que os civis participem para evitar ações de pilhagem
Foto: AP
EFE   
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