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Advogada: indenização a vítimas do voo AF 447 é desigual

27 abr 2010 - 15h27
(atualizado às 16h32)
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Uma advogada que representa famílias de vítimas do voo AF 447, Paris-Rio, reprovou nesta terça-feira a Air France por oferecer somas variáveis, segundo a nacionalidade dos mortos, na expectativa de cumprir suas obrigações "com menos gastos e discretamente". O Airbus operado pela companhia caiu no oceano Atlântico no dia 1º de junho de 2009, causando 228 mortes.

Resgate de corpos após a queda do avião, em 2009
Resgate de corpos após a queda do avião, em 2009
Foto: Marcelo Jorge Loureiro / Especial para Terra

Sarah Stewart, do escritório londrino Stewarts Law, afirmou que as seguradoras da Air France oferecem extrajudicialmente indenizações diferentes em função da nacionalidade das vítimas: 4 milhões de dólares por pessoas nos Estados Unidos, 750 mil dólares para brasileiros e 250 mil dólares para europeus. A Stewarts Law representa cerca de 50 famílias (venezuelanas, argentinas, brasileiras, alemãs, britânicas, holandesas, irlandesas e francesas) das vítimas.

"As informações que temos, procedentes de fontes vinculadas às seguradoras, sugerem que a Air France e suas companhias de seguros esperam solucionar os pedidos de indenização sem gastar muito e agindo discretamente com as famílias, em atitude quase confidencial", disse Sarah Stewart. "Oferecem a algumas famílias 10 vezes menos, a outras 10 vezes mais, em parte em função da nacionalidade dos passageiros".

Sarah acusa a Air France de se apoiar em "leis obsoletas e argumentos jurídicos arcaicos", baseando suas propostas de indenização mais nas jurisprudências nacionais em função do local onde residem as vítimas do que nos textos internacionais, como a convenção de Montreal. Esta convenção, que instaura o princípio da responsabilidade civil ilimitada do transportador aéreo em caso de danos corporais, datada de 1999, foi assinada por 97 países, entre eles Brasil e França.

"As famílias não conseguem entender como pode ser feita uma diferenciação desse tipo", disse Sarah, voltando a pedir à Air France que coloque 1 bilhão de dólares em um fundo que será distribuído de "maneira justa e equitativa" entre todos os beneficiários. A Air France e a Axa, que atua como interlocutora entre as seguradoras e a companhia, não se pronunciaram. A justiça brasileira aprovou, em março passado, o pedido de indenização de 1,15 milhão de dólares por danos morais à família de uma das vítimas. A Axa apelou dessa decisão em nome das seguradoras da Air France.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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