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Perícia do voo 447 atrapalha atendimento no IML, diz Conselho

17 jun 2009 - 16h06
(atualizado às 16h30)
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Artur Rodrigues

Direto do Recife

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) afirmou nesta quarta-feira que o trabalho de identificação de vítimas do voo AF 447 prejudica o atendimento à população do Recife no Instituto de Medicina Legal (IML).

Peritos do IML do Recife se preparam para receber corpos das vítimas
Peritos do IML do Recife se preparam para receber corpos das vítimas
Foto: Grizar Júnior / Futura Press

"Os cadáveres do avião foram postos no local do atendimento de rotina. Os da rotina foram postos junto com os corpos em putrefação, numa área que não tem a menor condição de atendimento", afirmou o médico José Carlos Alencar, responsável pelo setor de fiscalização do Cremepe.

De acordo com Alencar, ele e mais dois membros da entidade fizeram uma visita na última quinta-feira, para avaliar a situação do IML depois de ser adaptado para a identificação das vítimas do desastre aéreo.

As dez mesas usadas para fazer exames necroscópicos, segundo ele, foram disponibilizadas para o trabalho emergencial dos cadáveres do voo AF 447. "Os exames são feitos a cada dois cadáveres. A gente sugeriu que fosse dividido o espaço entre os corpos da rotina e os putrefeitos", disse.

Os corpos que não são de vítimas do acidente aéreo foram para uma área apelidada como Coreia, onde há apenas duas mesas para necropsia. Na quinta-feira, segundo o relatório, havia 11 cadáveres na espera, alguns deles amontoados no chão.

No mesmo dia, das dez mesas disponibilizadas para a identificação das vítimas localizadas pela Aeronáutica e Marinha no oceano, havia apenas quatro delas ocupadas.

Outra sugestão do Cremepe, enviada ao governo de Pernambuco, foi que um contêiner frigorífico fosse alugado, para suprir a demanda de espaço para armazenamento de cadáveres.

"A situação de dificuldade do IML não é de hoje. Quando acontece qualquer situação extraordinária, isso piora", afirmou Alencar. O IML do Recife recebe, pelo menos, 20 corpos por dia, número que sobrecarrega os profissionais do instituto.

A Secretaria de Defesa Social afirmou que só se manifestará sobre o assunto após o Cremepe encaminhar o relatório oficial, o que, segundo a pasta, não foi feito.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB, o número total de corpos encontrados de vítimas é 43. nesta quarta-feira, seis corpos que foram transportados na terça-feira para Fernando de Noronha chegaram na tarde à Base Aérea do Recife.

O acidente

O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).

De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.

Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.

A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).

Fonte: Especial para Terra
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