PUBLICIDADE

Rotas aéreas levam em conta apenas custos, diz especialista

6 jun 2009 - 11h20
(atualizado às 11h36)
Compartilhar

O ex-piloto alemão e especialista em segurança de vôo Tim Van Beveren, autor do livro O risco voa junto, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que as companhias aéreas levam em consideração apenas o aspecto econômico quando planejam os vôos. Segundo ele, a rota mais segura para vôos com destino à Europa teria um prolongamento de cerca de 1,5 mil km.

Imagem de arquivo mostra modelo de avião semelhante ao desaparecido
Imagem de arquivo mostra modelo de avião semelhante ao desaparecido
Foto: Reuters

"Segundo os meus cálculos, para evitar essa megaturbulência que ocorre com freqüência nesta época do ano e a Air France deve conhecer muito bem o fonômeno, já que foi a primeira empresa a voar para o Rio, seria necessário o prolongamento da rota em 1,5 mil km. O avião precisaria deixar o Brasil mais ao norte, passar pela Guiana e fazer um arco no Atlântico", explicou Beveren. "Mas isso custaria para a companhia mais combustível, uma hora e meia de atraso e cobertura dos custos pelos vôos de conexão perdidos. Quando ocorre uma catástrofe, a companhia perde apenas a boa imagem."

O especialista disse que, em caso de acidentes aéreos, como aconteceu com o vôo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico, quando fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, os custos são cobertos pela seguradora. "E os planos são feitos levando em conta os riscos."

Ainda de acordo com o ex-piloto alemão, uma hipótese para o piloto da aeronave não ter emitido nenhum pedido de socorro é o fato de que talvez ele "soubesse que ninguém o ouviria". Beveren disse que a tecnologia usada em vôos da América Latina para a Europa é da época da 2ª Guerra Mundial. "Entre a América do Norte e a Europa, há um sistema que transmite automaticamente a posição do avião. Mas, entre o Brasil e a África, esse sistema não é usado e, por isso, a busca dos destroços do Airbus é tão difícil", disse.

Possíveis causas

Tim Van Beveren afirmou, sobre o modelo Airbus A330, que "todo avião tem pontos fracos que, porém, não levam a uma queda". Segundo ele, qualquer acidente aéreo é uma conjunção de fatores. "Sobre os dados enviados automaticamente, sabemos que havia uma provável diferença de velocidade, mas não as suas causas. Também sobre as falhas no sistema elétrico e a despressurização, não sabemos se são causa ou efeito", ressaltou o especialista.

O escritor disse, porém, acreditar que todas as falhas relatadas no Airbus são conseqüência da pane elétrica. "Sem eletricidade, o piloto não pode aquecer as turbinas e elas congelam nessa temperatura lá de cima, de -50ºC. Sem uma falha, a chica de granizo não poderia ter um efeito tão fatal". explicou.

O acidente

O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).

De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.

Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.

A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade