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Viúva de Mandela, Graça Machel diz que diversidade precisa ser discutida

24 nov 2014 - 16h41
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A ativista moçambicana Graça Machel, viúva do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, afirmou nesta segunda-feira que todos os países devem se questionar se a "diversidade racial e social" da população está sendo discutida nas instituições de ensino.

"É preciso que o Brasil e outros países se questionem sobre uma representação democrática que reflita a composição da sociedade", disse, em entrevista coletiva concedida na Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo.

Machel foi a terceira e última esposa de Mandela, morto em 2013, com quem se casou em 1998, e atualmente é uma das principais líderes do continente africano na de luta por direitos das mulheres e crianças.

Também ex-membro da resistência para a independência de Moçambique nos anos 70 e primeira-dama do país por seu casamento com o presidente Samora Machel, morto em 1986, a ativista está no Brasil para receber em nome de Mandela o Troféu Raça Negra, dado pela universidade e pela ONG Afrobras.

A viúva de Mandela lembrou que, apesar de 52% da população brasileira ser negra, ainda existem preconceitos raciais. No entanto, Machel se negou a comparar o racismo do apartheid do regime sul-africano com a situação dos negros no Brasil.

"Não conseguiria dizer qual país é mais ou menos racista. O que qualquer país deve ter é uma representação de todos os grupos que fazem parte da sociedade", respondeu.

Machel recomendou que todas as nações adotem medidas legais para reduzir desigualdades, principalmente a discriminação,

"A transformação não existe se não houver mecanismos, precisamos de regras com metas claras para reduzir a discriminação de qualquer tipo", afirmou ao ser consultada sobre o sistema de cotas no serviço público e nas universidades do Brasil.

A ativista, que preside a ONG Graça Machel Trust, evitou dar conselhos a um país como o Brasil em termos de igualdade racial, mas lembrou que em Moçambique "se adotaram políticas 'antirraciais', de acesso livre para toda a população".

A África do Sul "conseguiu prevenir e evitar um confronto racial violento e instituiu mecanismos claros de representação nos poderes do Estado", avaliou.

Para Machel, os brasileiros "não devem permitir que a sociedade em geral finja que não vê o que está acontecendo" com a população negra.

A Faculdade Zumbi dos Palmares fez uma placa em homenagem a Graça Machel, que agora se junta a ícones como o pastor americano Jesse Jackson, também condecorado pela instituição de ensino.

"Ela é uma irmã universal que é inspiração para todos nós e para os alunos", ressaltou o reitor José Vicente.

EFE   
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