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Usuários de TV, internet e telefonia contam casos de assédio

Vítimas relatam que funcionários acessam dados sigilosos e enviam mensagem por meio do WhatsApp; denúncias devem ser levadas à polícia

28 mai 2015 - 09h22
(atualizado às 11h56)
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O relato de assédio sofrido pela jornalista Ana Prado, 26 anos, de São Paulo, trouxe à tona nessa quarta-feira uma série de outros casos semelhantes contados por usuários de serviços de telefonia, internet e TV a cabo – um dos setores que continuam registrando crescimento no mercado brasileiro.

No caso de Ana, o assédio aconteceu via WhatsApp, com mensagens escritas por um atendente da operadora de TV a cabo NET, de São Paulo, horas depois de ela ter recusado, por telefone, uma troca de pacote de serviços. Depois de expor o caso nas redes sociais, não só outras pessoas relataram situações parecidas, como a própria NET a teria orientado a registrar um boletim de ocorrência sobre o caso.

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O Terra conversou com outros três usuários de serviços da NET e da operadora Vivo, os quais, a partir do caso de Ana, resolveram expor a situação que viveram com o intuito de alertar possíveis vítimas. Afinal, além do assédio, em vários casos fica evidente o uso de informações sigilosas, como dados pessoais de clientes desses serviços. Em geral, as as pessoas que passaram por essa experiência pensaram que o caso era isolado e, por isso, acabaram não levando a situação adiante, à polícia ou mesmo à operadora dos serviços.

Jornalista relata caso de assédio pelo Whatsapp
Jornalista relata caso de assédio pelo Whatsapp
Foto: Facebook / Reprodução

Assediada teve medo de funcionário ser demitido

Um desses casos é o da analista de mídia Isadora Oliveira, de 22 anos. Ela conta que, ao se mudar para São Paulo, em 2012, recebeu técnicos da NET para instalação de aparelhos de recepção em seu apartamento. Logo após eles saírem, diz, ela recebeu uma mensagem no celular que dizia: "Eu não podia ir embora sem dizer que você é linda". “Lembro que fiquei com vergonha, me senti muito invadida. O cara tinha acabado de ir em casa, eu estava sozinha.”

A analista de mídia ignorou as mensagens, que não pararam durante o dia. O autor cobrava uma resposta dela: “Você vai me ignorar mesmo? Nossa, não custa nada responder”. Ela ignorou o remetente. “Eu até pensei em ligar para a NET, fazer alguma coisa, ser mais grossa com ele para parar de falar, só que eu fiquei com muito medo”, diz. Ela não fez denúncia à polícia, afirma, porque não queria causar problemas para o funcionário, “que poderia ser demitido”.

Outra empresa que teve uma história de assédio contata por um cliente a partir do caso da jornalista é o do publicitário Pietro Brugnera, de 23 anos. Segundo o jovem, no final do ano passado, ele ligou para a operadora de telefonia Vivo para resolver um problema com a internet. Ao desligar, encontrou em seu celular uma mensagem no WhatsApp: “Sua voz é linda”.

Brugnera conta que não fez nenhuma reclamação à época por entender que não se tratava de algo necessariamente grave. Depois do relato de Ana sobre a NET, porém, percebeu que o problema era “muito complicado” e solicitou nessa terça-feira uma cópia da ligação. “Não importa se foi homem ou se foi mulher. O que importa é que nossa privacidade está sendo invadida”, diz. “A gente não tem noção do que está acontecendo com nossos dados.”

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"Você é comprometida?", recebeu médica pelo WhatsApp

Outra usuária da Vivo, a médica Fernanda Ferrairo, de 27 anos, relatou que, em março, recebeu a ligação de um funcionário que tentava vender um produto da operadora. No mesmo dia, foi abordada por uma mensagem no WhatsApp de um número se identificando como o funcionário que ligara para ela mais cedo: “Conversamos hoje por telefone e eu salvei seu número… Adorei sua voz e quis ver sua foto aqui no 'Whats'. Você é comprometida?”, dizia o texto.

A médica afirma ter bloqueado o número. Naquele instante, admitiu, nem pensou em denunciar. Ao ver relatos parecidos com o que passou, porém, começou a se preocupar com a segurança de suas informações pessoais. “Quando a gente assina um contrato com uma empresa, ela diz que nossos dados são confidenciais, que vão ser usados só para fins profissionais, mas a gente vê que não é bem assim.”

Providências das empresas

Em nota, a NET informou que apura os casos e que tomará medidas cabíveis para identificar e afastar “qualquer prestador de serviço que faça uso indevido de informações pessoais confidenciais e sigilosas” dos clientes. A empresa afirmou que solicitou a Isadora, a exemplo do sugerido à jornailsta Ana, registre um boletim de ocorrência.

A Vivo, também em nota, informou que os casos citados pela reportagem estão sendo apurados e que, se constatada conduta incorreta dos atendentes, a companhia tomará as medidas administrativas necessárias. A empresa acrescentou que a orientação aos profissionais será reforçada, bem como a adoção de ações preventivas para evitar que situações desse tipo voltem a ocorrer.

A operadora também disponibilizou um canal de denúncias para tratamento, análise e respostas relacionadas a possíveis incidentes de segurança da informação. Casos podem ser relatatos pelo e-mail csirt.br@telefonica.com.

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Fonte: Terra
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