Moradores de comunidades à beira da Linha Amarela, na zona norte do Rio de Janeiro, testemunharam, nesta terça-feira, o acidente que provocou o desabamento de uma passarela e esmagou carros. Pelo menos quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas.
Residente na Comunidade Cardim, Luís Felipe Silva de Lima, acordou com o estrondo. Ele correu para verificar o ocorrido e se deparou com uma vítima que caiu da passarela e foi parar no valão. Ele conta que os moradores rapidamente providenciaram uma corda para tirar a pessoa dos escombros.
"Quando cheguei para ver perto do rio, tinha um cara lá, com a cabeça dentro da água, tentando tirar, mas passou pelo menos uns cinco minutos submerso. Descemos com uma corda, rasgamos a mão toda, e botamos ele em cima de uma pilastra dos escombros, mas como o resgate não chegava ele não resistiu. A gente não sabia mais o que fazer", contou.
Veja momento em que carreta derruba passarela no Rio:
A preocupação dele é com o tráfego intenso entre as comunidades dos dois lados da pista, da Favela do Rato - ou Águia de Ouro - e Cardim. "Se fosse durante o período de escola, teria muito mais vítima entre os mortos", reforçou Luís Felipe.
O gari Ricardo Guilherme dos Santos também foi um dos primeiros a chegar ao local. "Estava no posto e, primeiro, ouvi o estrondo. Achei que uma casa tinha desabado, quando vi que não era isso, a gente correu para a beira da pista, arrebentou os painéis - que separam a pista da comunidade - e vimos a gravidade do acidente. Tentamos acalmar os sobreviventes dentro do carro", disse. Segundo ele, no banco de carona de um dos carros, uma passageira estava parcialmente consciente.
Demora no socorro
Na tentativa de apressar o socorro, Patricia Rodrigues, dona de uma venda próxima da pista, ligou imediatamente para os bombeiros para alertar sobre o desabamento e informar sobre as vítimas. Para ela, o socorro demorou. "Ninguém da Lamsa (concessionária que administra a via) estava no local", disse. Nós fomos os primeiros a chegar e ligar para o socorro", completou.
"Tem um (batalhão do) Corpo de Bombeiros no Méier, muito perto, mas acho que pelos reflexos do trânsito, eles não conseguiram chegar. O pessoal ficou com as vítimas, tentando tirar as pessoas do valão e verificar se os demais, dentro dos carros, estavam vivos. Era uma situação de guerra, com fumaça e escombros", relatou Patrícia.
Os moradores reclamam das condições estruturais da passarela, que consideram muito frágil, e lembram que, recentemente, durante a construção de um supermercado, uma viga esbarrou na estrutura e deslocou a passarela. "Tinha que ser mais forte, ter uma sustentação para não desabar inteira. Se cair, cair pelo menos uma parte - de um lado da via - e não toda. Era previsível”, disse Patrícia.
Alta velocidade
Para quem mora na região, a Lamsa também teve participação no acidente, porque demorou a enviar o socorro e não alertou o motorista do caminhão que, segundo eles, trafegava em alta velocidade com a caçamba suspensa. "Eles estava em alta velocidade, com a caçamba elevada por vários quilômetros", ressaltou Maurício Francisco, representante da associação de moradores. A associação alega ter um vídeo, feito por um motociclista, do caminhão com a caçamba suspensa desde o pedágio, até uma passarela, um trecho equivalente a dois quilômetros.
Vídeo mostra destruição após carreta derrubar passarela na Linha Amarela:
O prefeito Eduardo Paes destacou que a prioridade é o resgate e o atendimento das vítimas. “Especula-se que a caçamba tenha se levantado sem o motorista saber”, disse. Perguntado sobre a procedência do caminhão, se prestava ou não a serviço da prefeitura, Paes não soube informar, mas a assessoria de imprensa divulgou que o caminhão não estava a serviço do órgão.
Equipes de resgate ainda trabalham no local e removem, neste momento, os restos do caminhão, por meio de um guincho.
28 de janeiro - Um táxi ficou completamente destruído na queda da passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Bombeiros trabalham no resgate às vítimas do acidente na Linha Amarela, quando uma passarela caiu depois que um caminhão, excedendo o limite de altura na via, derrubou a estrutura
Foto: Marcio Cassol / Futura Press
28 de janeiro - Informações preliminares dão conta que caçamba do caminhão estava levantada e atingiu passarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Moto e táxi foram atingidos durante o acidente na Linha Amarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Mulher sendo resgatada pelos bombeiros após ter ficado presa nas ferragens
Foto: Marcio Cassol / Futura Press
28 de janeiro - Helicópteros ajudaram no salvamento e resgate às vítimas do acidente no Rio
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Acidente aconteceu em Del Castilho e interditou a Linha Amarela em toda sua extensão
Foto: Alexandra Hazan/Twitter / Reprodução
28 de janeiro - A passarela desabou após ser atingida por um caminhão na Linha Amarela
Foto: Twitter
28 de janeiro - Vários carros foram atingidos pela queda da passarela na Linha Amarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - O acidente ocorreu perto do acesso 4 da Linha Amarela
Foto: Reprodução
28 de janeiro - O veículo estaria com a caçamba erguida no momento do acidente
Foto: Reprodução
28 de janeiro - A estrutura atingiu veículos que passavam pela via
Foto: Reprodução
28 de janeiro - O limite de altura da passarela nesse trecho da Linha Amarela é de 4,5 metros
Foto: Google / Reprodução
28 de janeiro - Quatro pessoas morreram no acidente, segundo os bombeiros
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Caçamba do caminhão que atingiu a passarela na manhã de hoje
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Uma passarela desabou sobre veículos após ser atingida por caminhões no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Bombeiros e funcionários que administram a via trabalharam no resgate e retirada dos escombros
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O acidente bloqueou completamente a via
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Visão da parte que restou da passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Trabalhadores tentam remover a estrutura que desabou
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Passarela desaba na Linha Amarela e esmaga veículos no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Passarela desaba na Linha Amarela e esmaga veículos no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Os bombeiros identificaram os mortos como sendo Célia Maria, 64 anos, Adriano P. Oliveira, 26 anos, Renato P. Soares, 62 anos, e Alexandre G. Almeida, de idade não informada. Célia e Adriano estariam caminhando pela passarela no momento da colisão
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Por conta da interdição, trânsito ficou complicado no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Trânsito ficou bloqueado na via por conta do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Operários trabalham na remoção da estrutura
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Carro ficou destruído após ser atingido pela passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Ainda não há informações sobre o estado de saúde dele
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O motorista do caminhão, identificado como Luiz Fernando Costa, 30 anos, foi encaminhado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O padeiro Assis Rodrigues Silva (esquerda), 31 anos, passa todos os dias, mais de uma vez, pela passarela que cruza a avenida Brasil na altura do bairro de Pilares e liga as comunidades de Águia de Ouro e Favela da Guarda, na zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Vista da Linha Amarela após a remoção de uma passarela, na altura de Pilares, no Rio
Foto: Ale Silva / Futura Press
29 de janeiro - Ao menos 15 carros fecharam completamente a Linha Amarela no sentido Barra, na altura da passarela em Pilares, por cerca de meia hora
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Um grupo de familiares do taxista que morreu no acidente fez um protesto que interrompeu a Linha Amarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Ao menos 15 carros fecharam completamente a Linha Amarela no sentido Barra, na altura da passarela em Pilares, por cerca de meia hora
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Carreata percorreu trecho do cemitério em que o corpo de Alexandre Gonçalves de Almeida foi enterrado até o local do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Em entrevista coletiva, delegado Fábio Asty afirma que motorista do caminhão admitiu que falava no celular no momento do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
30 de janeiro - A mulhera de Luiz Carlos Guimarães, 70 anos, quinta vítima do acidente que derrubou uma passarela na Linha Amarela, passa mal durante o velório, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói