PUBLICIDADE

Trânsito

Rio: motoristas sofrem com dupla função e carga horária excessiva

Condutores dizem que as discussões no trânsito fazem parte do dia a dia deles, que afirmam enfrentar grande estresse por conta de más condições de trabalho

3 abr 2013 - 20h04
(atualizado às 20h04)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Um ônibus caiu de um viaduto no Rio de Janeiro na terça-feira e matou sete pessoas</p>
Um ônibus caiu de um viaduto no Rio de Janeiro na terça-feira e matou sete pessoas
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Não se sabe ao certo as circunstâncias ou os motivos que teriam levado um dos passageiros a agredir o motorista da linha 328, que acabou despencando de um viaduto na terça-feira, matando sete pessoas. Motoristas de ônibus, entretanto, dizem que as discussões no trânsito fazem parte do dia a dia deles, que afirmam enfrentar grande estresse por conta de más condições de trabalho.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, José Carlos Sacramento, critica a carga horária excessiva e a dupla função de motorista e cobrador do coletivo. Ele classifica como "covardia", uma vez que apesar de acumular uma função a mais, o salário permanece o mesmo.

"Em determinadas linhas de micro-onibus eles recebem R$ 1.055 pra cobrar e dirigir. Pela dupla função, não recebem nada, às vezes até menos que um motorista profissional", diz. "Se você pegar um celular e dirigir, o guarda te multa. Já o motorista, cobra e dirige e não acontece nada", questiona.

Um motorista, identificado apenas como Lima, da autoviação Alpha, está há 10 anos na profissão e diz que as brigas são comuns. "Briga é comum. O passageiro vêm estressado por qualquer motivo, chega no ônibus e descarrega  em você. Se você também levantar o tom de voz, acaba agredido. Já aconteceu comigo muitas vezes nestes 10 anos", afirma.

Além da dupla função, que é "mais uma preocupação", Lima tem outras reclamações. Ele denuncia metas indevidas, carga horária excessiva e péssimas condições de trabalho.  "Você demora por causa de um engarrafamento e, no ponto final, o fiscal vai mandar você dobrar. Se você não concordar, eles às vezes te dão uma falta, não pagam hora extra", afirma.

De acordo com o motorista, metas "injustas" precisam ser cumpridas e às vezes a jornada de trabalho ultrapassa 16 horas diárias. "A empresa não considera como passageiro quem entra com gratuidade. Aí, tem uma meta de 300 a 400 passageiros. Mas se você pegar 200 com gratuidade, terá que compensar no dia seguinte. No dia seguinte, se não cumprir a meta, vão dar um jeito de te punir. Impedem você de trabalhar, mudam o seu horário", denuncia.

Outro motorista, que se identificou apenas como Coelho, reclama de más condições de trabalho. Ele diz que não há água nem banheiro no ponto final dos ônibus e afirma que, para cumprir os horários, tem que se alimentar de salgadinhos. "Ou então jeito é ficar com fome, porque não tem tempo para almoçar", revela.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
Compartilhar
Publicidade
Publicidade