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Trânsito

Protesto de caminhoneiros causa congestionamento na BR-116 na Bahia

2 jul 2013 - 20h07
(atualizado às 20h11)
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<p>Protesto chegou a causar congestionamento de cerca de 30 quilômetros na BR-116, próximo a Cândido Sales, na Bahia</p>
Protesto chegou a causar congestionamento de cerca de 30 quilômetros na BR-116, próximo a Cândido Sales, na Bahia
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra

O segundo dia de manifestação de caminhoneiros, em nove Estados do Brasil, com pistas bloqueadas por caminhões, chegou a causar congestionamento de cerca de 30 quilômetros na BR-116, próximo a Cândido Sales, na Bahia, na tarde desta terça-feira. Os manifestantes querem subsídio no preço do óleo diesel, duplicação na BR-116, isenção no pagamento de pedágios e a criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Os caminhoneiros reclamam também do baixo preço dos fretes, que, segundo eles, os tem deixado no prejuízo, e da falta de segurança nas BRs. Conforme os manifestantes, houve três assaltos na noite de segunda-feira onde estão parados. “Queremos ainda acabar com taxas que cobram para entrar nos Estados. Para entrar no Pará, por exemplo, estou pagando R$ 32,97”, disse o caminhoneiro Cláudio de Paiva, 35 anos.

Na Bahia, além de bloquear a pista próximo a Cândido Sales, nos quilômetros 900 e 901,5, os caminhoneiros estão também no quilômetro 836, a 10 quilômetros de Vitória da Conquista. Neste local, passam apenas carros de passeio. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nesses três pontos havia pelo menos 400 caminhões parados na pista à tarde, no acostamento ou em postos de gasolina e restaurantes.

A situação mais preocupante estava no quilômetro 900, a cerca de 15 quilômetros de Cândido Sales, onde 20 ônibus de linha interestadual estavam parados. O local não tem sinal de celular nem postos de gasolina ou restaurante próximos. Três agentes da PRF estiveram no local e conseguiram fazer com que algumas carretas que estavam na rodovia fossem tiradas do local, mas, por causa de outros bloqueios, houve mais congestionamento.

Passageiras de um dos ônibus que saiu de Brumado (BA) com destino a São Paulo, Ana Lúcia Silva Coelho, 52 anos, e Maria de Lima, 59 anos, reclamaram de estar no local desde as 10h, sem ter como ligar pra família. “Não era para o ônibus ter vindo para cá, pois sabiam da manifestação; mas a empresa insistiu. Estou com fome e sede, e aqui nem pega celular”, disse Ana Lúcia, que, assim como Maria, possui diabetes.

“Nossas insulinas já esquentaram, não tem nem como usar mais. É muita irresponsabilidade dos manifestantes, deveriam ao menos deixar a gente sair daqui”, disse Maria de Lima. Nos ônibus também havia muitas crianças e idosos.

No trecho próximo a Cândido Sales fazia muito sol, e alguns vendedores de pastel e suco aproveitaram para lucrar mais. O pastel, que normalmente sai a R$ 2, estava sendo vendido por R$ 3,50. Já o suco de R$ 1, agora saia a R$ 2. “Já estou indo para a terceira vasilha de pastel vendida”, vibrou o vendedor Reginaldo Soares, 32 anos.

Houve também caminhoneiros que reclamaram da manifestação, como Eliomar Gonçalves de Matos, 43 anos. “Não concordo com isso, tinham de deixar as pessoas passarem, isso é coisa de baderneiro.”

A policial rodoviária federal Darline Chagas disse que a orientação para motoristas de carro pequeno era que eles não seguissem viagem, e, para os caminhoneiros, que ficassem parados nos postos ou em restaurantes. “Demos os avisos hoje às empresas de ônibus para que elas não seguissem viagem ou que fizessem outra rota”, afirmou a policial.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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