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Trânsito

Filho de Eike Batista diz que vítima 'atravessou repentinamente'

19 mar 2012 - 23h46
(atualizado às 23h56)
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O filho do empresário Eike Batista, que atropelou na noite de sábado Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, publicou na noite desta segunda-feira, em seu perfil no Twitter, um texto afirmando que o acidente ocorreu porque a vítima, que morreu no local, atravessou "repentinamente" a via. Uma nota de mesmo teor divulgada pelo Grupo EBX, de Eike, causou indignação à família de Wanderson, cujo advogado, Kleber Carvalho, nega que o ciclista tenha atravessado a rodovia.

Em nota, o grupo EBX expressou pesar pelo ocorrido e garantiu que Thor prestou auxílio à vítima
Em nota, o grupo EBX expressou pesar pelo ocorrido e garantiu que Thor prestou auxílio à vítima
Foto: Tasso Marcelo / Agência Estado

O relato de Thor Batista, 20 anos, fracionado em diversas postagens no microblog, dá conta de que ele conduzia sua Mercedes SLR Mclaren dentro dos limites de velocidade estabelecidos naquele trecho da rodovia Washington Luís, no Rio de Janeiro, vindo "na faixa esquerda com muito cuidado, sem ao menos dialogar com o meu carona", quando "repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa da esquerda, onde trafegam veículos". "As marcas de freio comprovam que eu estava na faixa esquerda", sustentou.

Thor demonstrou conhecer estatísticas sobre o trânsito de bicicletas no local. "Cerca de seis vezes dentro de um ano, (eu) estava consciente (de) que frequentemente ciclistas atravessam a faixa dupla da autoestrada. Segundo o filho do maior bilionário do País, que voltava de um restaurante com amigos, o local do acidente carece de iluminação. Ele alega ter aplicado "força total" nos freios do carro, "segurando o volante reto, mas infelizmente foi impossível evitar a colisão".

"Me recordo que Wanderson empurrava a bicicleta com o pé esquerdo no chão. Sentado, porém, no banco da bicicleta. A frenagem trouxe o carro de 100 km/h até 90 km/h", afirmou. "Eu conduzo carros com transmissão automática com um pé no acelerador e outro no freio, o que possibilita uma reação muito mais rápida", explicou.

Thor diz que não prestou socorro imediato a Wanderson porque também se feriu. "O forte impacto quebrou o para-brisa, provocando cortes no meu corpo e impossibilitando a minha visão. (...) Estacionei o carro longe da colisão, diria que 200 m de distancia. Liguei o pisca-alertas e, com o auxílio de outros, consegui sair. Estava com dores no corpo, com muito sangue no corpo, tremendo de nervosismo, traumatizado. Nunca tinha sofrido um acidente. Por esses motivos, eu estava fisicamente, psicologicamente e emocionalmente INCAPACITADO de prestar socorro ao Wanderson", esclareceu, acrescentando que contou com a ajuda de outros motoristas, a quem pediu que chamassem uma ambulância.

Segundo Thor, seu retorno ao local do acidente se deu contra recomendações médicas. "Ele (médico particular) recomendou que eu fosse atendido em minha casa, e (disse) que iria ao meu encontro. Fui levado então para minha casa, como o médico sugeriu. Chegando em casa, contra a ordem do médico, cheio de sangue, cortado e traumatizado, resolvi voltar ao local da colisão para apoiar família e amigos de Wanderson. No caminho de volta, fui informado que houve muito dilaceramento no corpo", publicou.

O jovem reiterou que prestou o teste do bafômetro e afirmou que a decisão de comparecer à delegacia num outro dia foi motivada por receio de que a imprensa fosse "querer fazer injustiça". "Pedi imediatamente para que eu fizesse o teste do bafômetro. O resultado foi 0,0. (...) Um agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) sugeriu que eu fosse numa outra delegacia, mas o meu advogado que estava presente sugeriu que fosse melhor deixar paraum outro dia, pois poderia haver muita imprensa na outra delegacia e ia ser ainda pior pra mim, mais uma vez a imprensa ia querer fazerinjustiça comigo."

Thor garantiu que vai prestar auxílio à família de Wanderson. "Ordenei que meu advogado entrasse em contato com a familia da vitima, garantindo que EU ia prestar auxilio, assim como pagar o enterro. (...) Não deixarei a família desamparada sob HIPÓTESE ALGUMA", destacou.

Polícia abre inquérito

A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou na 61º DP, em Xerém, um procedimento investigativo para apurar o crime de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), contra Thor. De acordo com a diretora do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB), Tércia Amoedo, todos os procedimentos necessários foram realizados. A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foi chamada, e os peritos analisaram e fotografaram o local do acidente e o veículo do empresário. Em seguida, o automóvel foi liberado e removido para o pátio da PRF, de onde foi retirado pela família. De acordo com Amoedo, caso seja necessário, o delegado responsável pelas investigações poderá solicitar novas perícias.

Após o atropelamento, o empresário foi liberado pela PRF, pois passou mal e teve que ser socorrido. Ele foi intimado e deverá comparecer à delegacia na quarta-feira. O delegado pretende ouvir também a companheira da vítima e uma testemunha que já foi identificada. Agentes da distrital tentam identificar outras testemunhas que possam ajudar nas investigações.Segundo a polícia, os resultados dos laudos devem sair em um prazo de dez dias.

Fonte: Terra
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