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Especialista: dirigir Porsche a 150 km/h é insanidade mental

10 jul 2011 - 14h26
(atualizado às 14h55)
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Simone Sartori

Em outubro do ano passado, o diretor-presidente da concessionária Toyota Car House de Porto Alegre (RS), o empresário Paulo de Tarso Teixeira, 53 anos, morreu carbonizado após perder o controle de um Porsche que dirigia em alta velocidade. No mês passado, o comediante Ryan Dunn, um dos astros do programa Jackass, morreu vítima de um acidente com seu Porsche, nos Estados Unidos. Na madrugada do último sábado, em São Paulo, a advogada Carolina Menezes Cintra Santos, 28 anos, morreu após ter seu carro, um utilitário modelo Tucson, atingido por um Porsche a 150 km/h, segundo a perícia, na rua Tabapuã, no Itaim Bibi, zona oeste da capital paulista. Os dois veículos foram parar em um poste, um em cima do outro. O motorista do Porsche, um empresário de 36 anos, ficou ferido e foi levado ao hospital. Para o especialista em segurança de trânsito Mauri Panitz, dirigir veículos superpotentes a 150km/h em vias públicas é "uma insanidade mental".

O noticiário mostra que acidentes com carros de luxo têm como característica o alto nível de violência, o que engrossa as estatísticas de mortes no trânsito. A tecnologia desse tipo de veículo pode ser um dos principais fatores para a perda de controle da direção. Para se ter uma ideia, um Porsche modelo 911 GT2 RS faz de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos e sua velocidade máxima pode atingir 330 km/h. São carros de corrida disfarçados.

"A culpa não é do carro"

A superpotência do veículo, no entanto, não é a causa dos acidentes, afirma o especialista em segurança de trânsito e professor aposentado da Faculdade de Engenharia da PUCRS. Ele exemplifica que um Gol ou um Fiat Mille são "muito mais perigosos" em situações de ultrapassagem exatamente por falta de potência.

"Tecnicamente, a tecnologia (dos carros de luxo) pode ajudar numa situação difícil. Esse excesso de potência, quando bem utilizado, pode salvar vidas. Inocentado o veículo, a culpa é de quem estava dirigindo. Esse cidadão estava fora da casinha. Ele demonstrou que não tinha controle emocional nenhum. Atingir essa velocidade significa que ele enlouqueceu", argumentou Panitz, que critica o uso de carros com superpotência nas ruas.

Para o especialista, o Porsche não é um carro urbano, é um carro de estrada. Colocar um modelo como esse nas ruas é estragar o veículo. "Usar dentro da zona urbana é uma insanidade mental. Seria mais coerente o motorista dirigir, mesmo que seja para se exibir, em baixa velocidade, andar devagarinho. A pessoa que ultrapassa o limite de uma via pública, com limites de velocidade entre 40 km/h ou 60 km/h, essa pessoa se considera acima da lei. Deve ser uma pessoa que não está preparada para viver em sociedade. Ela tem que ser trancafiada num manicômio", disparou.

Licença especial para dirigir

Considerando as más condições das estradas brasileiras, de acordo com Panitz, o País não comportaria o tráfego de veículos superpotentes. Para ele, além da infraestrutura das estradas, deveria existir um ampla discussão sobre a circulação desse tipo de veículo também nas vias públicas. Uma de suas propostas é uma carteira de habilitação diferenciada, com uma categoria que permitisse o motorista a conduzir determinado veículo com alta potência, além da exigência de um curso especial que poderia ser oferecido pela própria concessionária.

"Assim como é necessário uma categoria especial para pilotar uma motocicleta, um ônibus, um caminhão, seria preciso uma autorização para circular com carros de altíssima potência. Isso é como uma arma. O motorista teria de ter o porte dessa arma", afirmou o especialista.

Acidente envolvendo um Porsche em alta velocidade matou advogada de 28 anos em São Paulo
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Foto: Hélio Torchi / Futura Press
Fonte: Terra
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