PUBLICIDADE

Trânsito

Andar de bicicleta em SP é roleta-russa, diz diretor da Ciclofaixa

15 jun 2011 - 14h46
(atualizado às 14h49)
Compartilhar
Daniel Favero

A polêmica gerada pela morte de um empresário que andava de bicicleta na noite de segunda-feira, na zona oeste de São Paulo, levantou mais uma vez a questão da segurança para os ciclistas nas ruas da capital paulista, onde no ano passado, 49 ciclistas morreram. A cidade possui mais de 35 km de ciclovias, mas a própria administração pública não sabe onde começam ou terminam essas vias. Para o ex-atleta e diretor da Ciclofaixa, Marcos Mazzaron, pedalar pelas ruas da capital paulista é uma "roleta-russa".

Mensagens pedindo mais respeito no trânsito foram colocadas no local onde empresário ciclista foi atropelado
Mensagens pedindo mais respeito no trânsito foram colocadas no local onde empresário ciclista foi atropelado
Foto: Fernando Borges / Terra

Veja orientações e locais para rodar seguro no Brasil e em outros países

Ele diz que já foi vítima de um acidente, no começo dos anos 1990, quando treinava para participar das Olimpíadas de Barcelona. Ele foi atropelado e ficou internado na UTI. "Eu sou o maior defensor do uso da bicicleta. Mas também não podemos desafiar o trânsito. Não podemos desafiar os carros andando na avenida 23 de maio, por exemplo. Na avenida do Estado, eu já andei muito, mas há 20, 25 anos atrás, quando era atleta. Hoje para andar na avenida dos Estados você está praticamente em uma roleta-russa", diz.

Atualmente, a alternativa mais segura para se andar de bicicleta em São Paulo é a Ciclofaixa. Bancado pela iniciativa privada, o percurso tem extensão de mais de 45 km, funciona somente aos domingos das 7h às 16h e possui serviço de manutenção, o SOS Bike, em toda sua extensão. No entanto, esse serviço não é uma alternativa plausível para quem quer usar a bicicleta para trabalhar, por exemplo.

O diretor da Ciclofaixa diz que um dos maiores problemas das ciclovias existentes na capital paulista é a ignorância dos gestores públicos na área de mobilidade urbana. "Por exemplo, a Secretaria de Verde e Meio Ambiente (da prefeitura), o que eles entendem de transporte em bicicleta? Zero. Daí colocam uma pessoa que é, por algum motivo, indicada para trabalhar lá, mas não tempos gestores com conhecimento especifico na área de mobilidade urbana."

Mazzaron diz que o ciclista tem que ser entendido como alguém que não é um profissional do pedal, mas que usa a bicicleta para trabalhar, fazer compras ou lazer, assim como ocorre na Europa. "Precisamos de um movimento de educação não só do ciclista - que é aquele que se movimenta por meio de bicicleta -, mas também do motorista", diz.

Segundo ele, a simpatia dos paulistas pela bicicleta pode ser medida pela quantidade de pessoas que frequentam a Ciclofaixa aos domingo, algo em torno 50 mil, segundo a organização. Mas para o uso diário, são as ciclovias, integradas com o transporte urbano e com estrutura que possa oferecer o mínimo de conforto e segurança para o usuário, diz Mazzaron.

Mortes
De acordo com o último Relatório Anual de Acidentes de Trânsito Fatais, realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), no ano passado 49 pessoas morreram na capital paulista. Em 2009, esse número era de 61 mortos.

Os dados mais recentes sobre acidentes envolvendo ciclistas no trânsito brasileiro constam no Anuário do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renarest), datado de 2008. Naquele ano foram registrados 428,97 mil acidentes, dos quais 32.496 envolviam bicicletas.

O Brasil é o quinto maior recordista mundial em mortes no trânsito, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em todo o mundo, 1,3 milhão de pessoas morrem no trânsito, a principal causa de morte dos jovens entre 15 e 29 anos. Quase 46% dessas vítimas são os usuários considerados "vulneráveis": pedestres, motociclistas e ciclistas.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade