PUBLICIDADE

Polícia

Suspeito de atropelar ciclistas no RS se apresenta à polícia

28 fev 2011 - 12h34
(atualizado às 16h51)
Compartilhar
Marcelo Miranda Becker
Direto de Porto Alegre

O motorista suspeito de ter atropelado dezenas de ciclistas em Porto Alegre (RS), na última sexta-feira, se apresentou por volta das 11h50 desta segunda-feira no Palácio da Polícia, onde prestará depoimento da Divisão de Crimes de Trânsito.

Ricardo Neis, 47 anos, funcionário do Banco Central do Brasil e morador da capital gaúcha, chegou no carro de seu advogado, Luís Fernando Albino, e entrou no prédio da polícia enquanto seu defensor conversava com a imprensa. Albino alegou que o atropelamento ocorreu porque o motorista tentou proteger o filho de 15 anos de supostas agressões do grupo que, com mais de 100 pessoas, fazia uma manifestação em favor do uso de bicicletas para o tráfego urbano.

"O que eu vi era um pai preocupado com a sua integridade e a de seu filho. Quando uma mãe quer salvar um filho, ela não pensa muito nas consequências. As imagens são fortes, mas não mostram a parte da discussão", disse Albino, referindo-se a vídeos divulgados na internet que mostram o atropelamento. O defensor disse que Ricardo só abandonou o Golf com que atropelou os ciclistas por ter recebido a informação de que estava sendo perseguido.

Segundo o advogado, Ricardo tinha entrado na rua José do Patrocínio, onde ocorria a manifestação, e discutiu com alguns ciclistas. Após tentar, por mais de uma vez, pegar um desvio por uma rua transversal, ele teria sido impedido pelos manifestantes, que o teriam cercado e passado a bater nas janelas do carro, no lado em que estava o adolescente. Percebendo que o filho estava assustado, Ricardo teria decidido acelerar. "A sociedade não pode se ver vitimada por qualquer protesto que impeça o direito de ir e vir das pessoas", disse o advogado, reiterando que nem a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) nem a Polícia Militar foram avisadas do evento.

Ao contrário do que chegou a ser cogitado, integrantes do grupo Massa Crítica, que organizou a manifestação, não foram ao Palácio da Polícia nesta manhã aguardar a chegada do motorista. Por meio do Twitter, o grupo divulgou uma manifestação programada para terça-feira, às 19h, quando o mesmo percurso de sexta-feira deve ser realizado pelos ciclistas, partindo Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa.

Polícia apura se motorista agiu intencionalmente

O veículo foi localizado na noite de sexta-feira pela Brigada Militar. Segundo o delegado Gilberto Almeida Montenegro, diretor da Divisão de Crimes de Trânsito de Porto Alegre, o automóvel estava bastante avariado, com amassados no para-choque dianteiro, na grade do radiador, nos faróis, no capô, na lateral direita e nos espelhos retrovisores, além de ter o para-brisa trincado. O delegado contabiliza pelo menos 15 bicicletas danificadas.

A polícia chegou até o automóvel depois de testemunhas anotarem a placa do veículo. De acordo com o delegado, ainda não é possível afirmar que o motorista teve a intenção de atropelar o grupo de ciclistas. "Eu não sei o que aconteceu, preciso ouvir ele. Daí nós vamos ver se houve intenção", afirmou Montenegro. Caso fique comprovado o dolo, o condutor do veículo pode ser indicado por tentativa de homicídio.

Ciclista diz que pediu calma ao motorista

Um dos ciclistas que participava do passeio afirmou que pediu calma ao motorista do Golf preto momentos antes de ele atropelar 10 pessoas do grupo e fugir sem prestar socorro.

Camilo Colling, 31 anos, disse ter visto o atropelamento porque chegou ao encontro atrasado, ficando um pouco atrás do grupo principal. "Eu vi esse carro arrancando. Ele ameaçou os ciclistas, foi para cima da gente e freou. Depois, continuou indo atrás e ameaçando", afirmou. Camilo, ao ver a cena, bateu no vidro do carro e disse: "acho melhor o senhor manter a calma, pois é um passeio ciclístico. Há crianças e pessoas mais velhas, e o senhor terá que ter paciência".

Antes de jogar o veículo para cima do grupo, o homem teria respondido a Colling: "sim, mas eu estou com pressa". "Só deu tempo de puxar a bicicleta para o lado e ver as pessoas voando", afirmou o ciclista. O atropelamento assustou quem passava pela rua e também os moradores do bairro. O funcionário da prefeitura Marco Antonio da Silva Leal, 49 anos, disse que levou um tempo para entender o que estava acontecendo. "Pensei até que era uma briga. Quando eu vi, tinha gente voando. Foi triste. Tava tudo certo, mas veio esse cara completamente maluco", afirmou.

O major Maya, do 9° Batalhão da Brigada Militar (BM), também se surpreendeu com o atropelamento. "Em 30 anos de trabalho nessa área, nunca tinha visto isso", disse. Segundo ele, a BM ainda está apurando uma outra versão: a de que o motorista raspou em um ciclista e os outros o fecharam, o que teria causado o atropelamento.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade