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Trânsito

Não é primeira vez que caminhão bate em passarela, dizem moradores

28 jan 2014 - 18h33
(atualizado às 18h50)
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O estudante Jeferson Pereira da Silva, 22 anos, morador da favela Águia de Ouro, vizinha à passarela que caiu nesta terça-feira no Rio de Janeiro deixando quatro mortos e cinco feridos, afirma que esta não foi a primeira vez que um caminhão bateu na passagem. Segundo ele, há cerca de cinco anos, a passarela chegou a ficar um dia inteiro bloqueada depois que um caminhão bateu na estrutura.

"Uma vez um caminhão bateu, chegou a deslocar ela de lugar. Interromperam a passarela por um dia inteiro, mas não fizeram nenhuma obra", afirma. Na altura do bairro de Pilares, a passarela é a principal ligação entre a comunidade Águia de Ouro.

Dono de um bar na comunidade Águia de Ouro, José Pereira, 57 anos, define a passarela como um "quebra-cabeça". "Se você reparar bem, ela não é soldada, apenas encaixada", diz. Ele chegou a presenciar o momento da queda e, a princípio, por conta do estrondo, pensou que fosse uma bomba. "Estava chegando na padaria e levei um susto, voltei correndo para me esconder", disse.

Câmera registra correria de motoristas após presenciarem queda de passarela no Rio:

À polícia, o motorista do caminhão, Luis Fernando da Costa, 33 anos, internado no Hospital Lourenço Jorge, na zona oeste da cidade, disse que não sabia que estava com a caçamba levantada. Se confirmada a culpa, ele responderá por quatro homicídios culposos e quatro lesões corporais culposas - o quinto ferido é o próprio motorista -, quando não há a intenção de matar ou ferir.

"Minha neta me salvou", diz morador

Severino Guilherme de Silva, 60 anos, morador da favela Águia de Ouro, passou parte da terça-feira sentado em frente a sua casa observando o trabalho de retirada da passarela que ele se habituou a ver todos os dias pela janela. Na manhã desta terça-feira, ele se preparava para cruzá-la mais uma vez a fim de fazer compras para o almoço quando a neta, Laísa Rodrigues, 6 anos, o impediu. Minutos depois, a passagem caiu.

"Eu estava caminhando em direção à passarela quando a Laísa chegou querendo falar com a mãe. Disse que sonhou que a passarela caía, que precisava muito falar com ela. Foi o tempo de desligar o telefone e ouvir o estrondo", diz, ainda chocado. Há 40 anos no bairro, ele jamais esperou que algo assim pudesse acontecer."Minha neta me salvou."

Acidente deixou quatro mortos

Um caminhão derrubou a estrutura de uma passarela por volta das 9h15 desta terça-feira na Linha Amarela, uma das principais vias expressas do Rio de Janeiro. Dois automóveis - um táxi e um Palio -, um em cada sentido da via, e uma motocicleta foram esmagados pela queda. Quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas, segundo a concessionária Lamsa, que administra o trecho. A Linha Amarela está completamente interditada nos dois sentidos devido ao acidente.

Imagens divulgadas pelo Centro de Operações Rio mostram que a carreta se chocou com a passarela, que tem cerca de 4,5 metros de altura, porque estava com a caçamba levantada no momento do acidente, derrubando, assim, a estrutura de metal. O acidente ocorreu entre os acessos 4 e 5 da Linha Amarela, em Pilares, e causa grande engarrafamento nos dois sentidos da via.

Os bombeiros identificaram os mortos como sendo Célia Maria, 64 anos, Adriano P. Oliveira, 26 anos, Renato P. Soares, 62 anos, e Alexandre G. Almeida, de idade não informada. Célia e Adriano estariam caminhando pela passarela no momento da colisão.

Cinco pessoas ficaram feridas no acidente - dois em estado grave - e foram levadas para hospitais públicos. O motorista do caminhão, identificado como Luiz Fernando Costa, 30 anos, foi encaminhado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dele.

Veja momento em que carreta derruba passarela no Rio:

O idoso Luiz Carlos Guimarães, 70 anos, que estava no banco de trás de um dos carros atingidos pela passarela, está internado no Hospital Municipal Salgado Filho. Ele teve traumatismo craniano e vai ser submetido a uma cirurgia. Já Gláucia Pereira de Andrade, 56 anos, que também estava no carro, foi levada de helicóptero para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, com fratura no joelho.

O motoqueiro Jairo Zenaide, 44 anos, que passava pelo local, foi atingido por pedaços de concreto e está no Hospital Federal de Bonsucesso, com fraturas em um dos braços. Liliane de Souza Rangel, 33 anos, foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade. Ela teve fratura de bacia e passa por cirurgia. 

Motorista foi ouvido

Luis Fernando Costa foi ouvido no hospital pelo delegado Fábio Dantas, da 44ª DP (Delegacia de Polícia), que abriu inquérito para apurar o caso. Segundo a Polícia Civil, Costa será indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa. A delegacia instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. Testemunhas estão sendo chamadas para prestar depoimento e as câmeras de circuito de segurança da via expressa foram solicitadas. 

trânsito de veículos de carga é proibido na via das 6h às 10h e das 17h às 20h em dias úteis. O veículo que derrubou a passarela seria da empresa Arco da Aliança e estava identificado com um adesivo da prefeitura. O secretário de Conservação, Marcus Belchior Corrêa Bento, garantiu, porém, que o caminhão não prestava serviço à prefeitura, apenas tinha autorização para retirar entulho, e informou que o adesivo é uma forma de credenciamento.

Fonte: Terra
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