PUBLICIDADE

Trânsito

BA: manifestação de caminhoneiros acaba após acidente com 4 mortes

4 jul 2013 - 22h25
Compartilhar
Exibir comentários
<p>"Depois das mortes, tivemos de parar a manifestação, pois ficou sem clima. Mas vamos ver mais pra frente o que ocorre", disse o caminhoneiro Miguel Lima da Silva, 39 anos</p>
"Depois das mortes, tivemos de parar a manifestação, pois ficou sem clima. Mas vamos ver mais pra frente o que ocorre", disse o caminhoneiro Miguel Lima da Silva, 39 anos
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra

A morte de quatro pessoas que estavam numa van e seguiam viagem na BR-116, num trecho próximo a Cândido Sales (BA), foi o estopim para acabar, nesta quinta-feira, com a manifestação dos caminhoneiros na rodovia, que estava bloqueada em meia pista por carretas e caminhões desde segunda-feira passada.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos
Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas em todo o País

Após o acidente, quatro viaturas da Polícia Militar e três da Polícia Rodoviária Federal se deslocaram para o local e desfizeram o bloqueio em meia pista. “Depois das mortes, tivemos de parar a manifestação, pois ficou sem clima. Mas vamos ver mais pra frente o que ocorre”, disse o caminhoneiro Miguel Lima da Silva, 39 anos.

No trecho entre Vitória da Conquista (BA) e a divisa com Minas Gerais, havia, segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 4 mil carretas e caminhões parados, em meia pista ou no acostamento. Os veículos foram saindo aos poucos. O congestionamento na rodovia permaneceu durante todo o dia e entrou pela noite desta quarta. Os engarrafamentos chegaram a cerca de 20 quilômetros nos dois sentidos, com o trânsito fluindo de forma lenta.

O acidente ocorreu por volta das 5h30, quando a van dirigida por João Souza Silva, 44 anos, colidiu na traseira de uma das cerca de 400 carretas que estavam paradas numa das pistas. No total, dez pessoas estavam no veículo: dois motoristas que seguiam revezando e oito passageiros, todos naturais de Gavião (BA). A van saiu quarta-feira à noite de Gavião, onde os passageiros tinham ido rever a família, e ia para São Paulo, onde moravam. Dos outros ocupantes do veículo, apenas um teve ferimento leve, foi levado para um hospital de Cândido Sales e liberado.

Um dos ocupantes da van, Agripino de Jesus Santos, 51 anos, cuja esposa, Maria Célia Silva Santos, 42 anos, foi uma das vítimas fatais do acidente, disse que estava dormindo no momento da colisão e não viu como ocorreu. “Durante a viagem, só consegui ver que tinham muitas carretas paradas na pista”, declarou.

Os motoristas da van e da carreta chegaram a ser conduzidos pela polícia, mas foram liberados depois de prestarem depoimento. De acordo com o advogado Alvison Pacheco, defensor do condutor da van, “a pista estava com neblina, e a carreta, sem sinalização alguma”. “Era impossível fazer alguma coisa. A carreta estava em cima de uma curva, no escuro”, disse o advogado. Testemunha do acidente, o caminhoneiro Miguel Lima da Silva afirmou que a van estava em alta velocidade. “Não sei como uma pessoa, sabendo que a pista está bloqueada, anda correndo.”

O motorista da carreta não foi localizado. Assim que prestou depoimento, seguiu viagem. No acidente também morreram Cornélio Silva de Almeida, Ana Lúcia Costa Martins, 36 anos, e Geralino Maia Bispo, 67 anos. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas. 

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade