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Trânsito

Atropelador de ciclistas se interna em clínica psiquiátrica no RS

1 mar 2011 - 17h35
(atualizado às 21h54)
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Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

O bancário Ricardo Neis, que atropelou dezenas de ciclistas que faziam uma manifestação na última sexta-feira, em Porto Alegre (RS), se internou hoje em uma clínica psiquiátrica da cidade. Segundo um dos seus advogados, a internação foi para garantir a integridade física e psicológica do bancário e diminuir o seu "alto nível de stress".

"Ele está muito abalado, muito chocado e muito preocupado com a situação. O que fizemos foi buscar a integridade física e psicológica dele e do filho, pois eles estão sendo caçados. O Ricardo não nega que foi imprudente, mas já estão o condenando, isso está errado", disse Jair Jonco.

Segundo o advogado, Ricardo Neis ficará internado por tempo indeterminado. "Não queremos que ele fique se sentindo mais culpado, pois ele foi ameaçado e acoado no dia do protesto. Temendo pela segurança dele e do filho, e como não conseguiu retroceder, avançou sobre os ciclistas para tentar sair daquela situação. Ele não tinha noção de que havia um número elevado de pessoas pela frente", afirmou Jonco.

Ricardo Neis tentou se internar hoje na clínica psiquiátrica São José, zona sul da capital gaúcha, mas não conseguiu. O local que recebeu ele não foi divulgado pela defesa, que já estuda o que fazer no caso de uma possível ordem de prisão preventiva. A Delegacia de Trânsito da Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul pediram, na noite de ontem, a prisão preventiva do motorista por tentativa de homicídio.

De acordo com a polícia, enquanto o pedido era analisado pelo juiz plantonista do Fórum, a Polícia Civil chegou a deslocar uma equipe com policiais e um delegado, que aguardavam a resposta para realizar a prisão. Contudo, como o caso foi representado como tentativa de homicídio, no entendimento do Judiciário, deverá ser analisado pelo Tribunal do Júri.

Conforme nota divulgada pela polícia, foi possível apurar, pelo depoimento do acusado, que o automóvel foi "utilizado como uma arma" e isso acarretaria, entre mais elementos colhidos, intenção de matar. Outro fator para o pedido foi o fato de o acusado ter ciência de que sua atitude colocou em risco a vida dos ciclistas e, por isso, ele assumiu o chamado dolo eventual, quando se arca com o risco das atitudes provocadas.

Por volta das 19h da última sexta-feira, o movimento Massa Crítica promoveu um passeio ciclístico a favor do uso das bicicletas no tráfego urbano. Durante a manifestação, que reuniu mais de 100 pessoas, Ricardo Neis, que dirigia um Golf preto, acelerou e atingiu os ciclistas que bloqueavam a rua José do Patrocínio na altura da rua Luiz Afonso, no bairro Cidade Baixa. Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas.

O pedido da prisão preventiva do motorista ocorreu logo após o encerramento do depoimento do motorista na segunda-feira, em que ele alegou legítima defesa, relatando que os manifestantes agiram com violência contra seu carro. Sobre essa alegação, a professora Aline de Morais Rodrigues, que participava da manifestação, afirmou que os tapas no carro eram para alertar o condutor. "Eu fui uma das pessoas que foram até o lado do carona para dizer 'espera aí' para o motorista", disse.

Fonte: Terra
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