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Trânsito

Após mortes, moradores marcam novo ato em rodovia no DF

25 jun 2013 - 03h19
(atualizado às 03h21)
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Moradores da comunidade Marajó prometem fechar na manhã desta terça-feira (25) pontos da BR-251, em Cristalina (GO), no Entorno do Distrito Federal (DF). Hoje pela manhã, duas mulheres ainda não identificadas morreram atropeladas, atingidas por um motorista, enquanto começavam a montar um bloqueio na rodovia, por volta das 7h. Os moradores protestam por melhores condições de saúde, educação e segurança. Eles também pedem a emancipação da região.

"Aqui é um distrito de Cristalina, mas estamos a praticamente a 100 quilômetros da sede e temos uma estrutura precária. Temos apenas duas viaturas para fazer a segurança da região e quando alguém fica doente vai para Brasília porque a ambulância não vem. Queremos a emancipação para resolver esta situação", disse Lúcio Antônio Ribeiro, morador há 27 anos da região que é cercada por diversas agroindústrias.

"O que a gente viu [durante a manifestação] foi as pessoas pedindo saúde, educação e segurança. Até quatro meses atrás, uma única viatura fazia a ronda aqui. Agora temos duas, mas a situação é difícil, elas têm que abastecer na sede de Cristalina e quando voltam quase não sobra combustível para rodar", declarou à Agência Brasil o comerciante Edmilson Borges Ribeiro. Há seis anos, ele tem um comércio que atende à população da região, estimada em 12 mil habitantes.

Os moradores também reclamaram da inexistência de uma linha de transporte ligando a comunidade à sede do município. "Não tem transporte aqui. Quando a gente quer pagar uma conta, se a gente quer ter saúde, tem que buscar em Brasília, onde é mais fácil de chegar. Em Cristalina só de carro", disse Vanderlan Rodrigues Leite, que trabalha transportando estudantes para escolas e faculdades no Distrito Federal.

Os moradores defendem um plebiscito para decidir sobre a emancipação de Marajó. No início do mês, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei complementar permitindo a criação de municípios. O texto ainda deve ser apreciado no Senado. Desde 1996, uma emenda constitucional proíbe a criação de municípios por leis estaduais e definiu que isso só pode ser feito por meio de autorização em lei complementar federal.

A reportagem da Agência Brasil tentou contato com o prefeito de Cristalina, Luiz Attie, para tratar das reclamações dos moradores, mas não obteve retorno.

De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Tércio Baggio, os protestos previstos para amanhã não devem causar transtornos ao trânsito, pois a PRF vai conversar com os motoristas e indicar possibilidades de rotas alternativas para evitar o trecho que deve ser bloqueado.

Baggio informou ainda que o motorista responsável pelo atropelamento das duas mulheres, que fugiu sem prestar socorro, já entrou em contato com a polícia. Ainda de acordo com o patrulheiro, a identidade das vítimas só vai ser divulgada após a finalização do boletim de ocorrência, prevista para amanhã.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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