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Terra na Copa

Torcedores enfrentam maratona para chegar à Arena Pernambuco

17 jun 2013 - 07h04
(atualizado às 08h41)
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Torcedores enfrentam transporte público lotado para jogo
Torcedores enfrentam transporte público lotado para jogo
Foto: Camilla Costa / BBC News Brasil

Um ônibus, o metrô, outro ônibus e mais uma caminhada de quase 1 quilômetro é o percurso que os torcedores tiveram que fazer no domingo para chegar até a Arena Pernambuco, no Recife.

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Apesar de assistirem à vitória da Espanha sobre o Uruguai por 2 a 1, muitos se mostraram descontentes com a dificuldade de acessar o estádio - e chegam a garantir que não voltarão à arena recifense.

Antes do início da partida, o torcedor uruguaio Nicolas Canarotti, 29 anos, disse que o acesso foi "horrível" e chegou a fazer uma previsão pessimista. "Se não consertarem isso para a Copa as pessoas vão morrer ali. Não esperávamos que fosse assim", disse à BBC Brasil.

Ignacio de Lemos, de 30 anos, que fazia parte do grupo de amigos uruguaios, afirmou que eles demoraram três horas para chegar ao estádio. "O metrô ficou parado, havia muitas pessoas, tumulto perto das portas. Fui muito perigoso, terá que melhorar."

"Desisti de você"

A reportagem da BBC Brasil fez o trajeto até a Arena Pernambuco duas vezes durante o dia. Por volta do meio-dia, na estação Rodoviária, a maior parte dos passageiros que chegava de metrô com destino ao estádio teve dificuldades para encontrar a parada de ônibus correta. Somente uma linha de ônibus levava à Arena Pernambuco, mas o terminal não tinha nenhuma sinalização para a Copa das Confederações.

A falta de placas informativas foi constante em todo o trajeto - a localização das mais de 40 mil pessoas que foram ao estádio dependeu quase que exclusivamente da equipe de voluntários.

Conversando entre si no metrô pela manhã, alguns voluntários diziam estar nervosos e mostravam receio sobre algumas questões ligadas à organização, como o funcionamento dos portões de entrada e se a comida seria suficiente para o público. No estádio Mané Garrincha, em Brasília, torcedores reclamaram da rapidez com que a comida vendida dentro da arena se esgotou.

Entulho no entorno da Arena Pernambuco preocupa FIFA:

O trajeto completo até o estádio pela manhã durou cerca de uma hora e meia, seguindo o caminho pelo terminal rodoviário. Para voltar da Arena pelo mesmo caminho, era preciso atravessar a BR-232 em trechos sem faixas de pedestres ou sinais, para chegar a uma parada de ônibus.

Na parada, uma mulher reclama que esperou uma hora para ir da rodoviária até o estádio. Para retornar, ela já contabilizava 40 minutos de espera. Ao seu lado, um segurança que não quis se identificar disse à BBC Brasil que chegou para trabalhar na Arena, mas as credenciais não estavam lá. "Isso aqui tá muito desorganizado", disse.

"Me disseram para voltar às 19h, mas eu não venho mais aqui depois de tudo isso. Arena Pernambuco, tchau, desisti de você."

Aglomeração

Quatro horas antes do jogo, o serviço de ônibus gratuito Expresso Torcida, organizado pela prefeitura, já funcionava além das expectativas do organizadores em dois dos principais shoppings da cidade.

<p>Torcedores pegaram dois ônibus, metrô e ainda andaram por 1 quilômetro para chegar à Arena Pernambuco</p>
Torcedores pegaram dois ônibus, metrô e ainda andaram por 1 quilômetro para chegar à Arena Pernambuco
Foto: EFE

"Tínhamos planejado começar às 15h, mas resolvemos antecipar para o meio-dia, porque a procura nos surpreendeu", disse Francisco Irineu, gerente de educação no trânsito da prefeitura e um dos organizadores do serviço, à BBC Brasil.

O serviço levava torcedores gratuitamente até a estação de metrô Recife, no centro da cidade - e ajudava a evitar a chuva forte que caía desde o início da tarde. No entanto, era preciso enfrentar a fila para conseguir uma pulseira de identificação antes de embarcar nos ônibus. A pulseira também dava direito ao transporte de volta da estação de metrô ao shopping. "Já devemos ter levado mais de 4 mil pessoas a essa altura", disse Irineu.

Na estação Recife, voluntários estavam a postos oferecendo informações e orientando o público, e alguns atendiam em inglês e espanhol. Mas o percurso de metrô até a estação Cosme e Damião - recomendada pela prefeitura por ser mais próxima da Arena - durou cerca de 50 minutos, pelo menos 20 a mais do que o habitual. Ao descer do trem, os torcedores se aglomeravam no espaço entre a parede e o vão dos trilhos. Ouviam-se reclamações sobre o empurra-empurra e a organização em geral da Copa das Confederações. Desde a estação, era preciso tomar outro ônibus e caminhar cerca de 1 quilômetro até o estádio.

O auditor fiscal Diogo Borba, 33 anos, comparou o acesso em Recife à sua experiência em Brasília, onde foi assistir à abertura do torneio no estádio Mané Garrincha. "Antes do jogo (em Brasília) fui para o shopping próximo, almocei com meus amigos e fomos andando para o estádio. Foram apenas 10 minutos de caminhada e chegamos lá. A situação estava razoavelmente tranquila, apesar da manifestação", disse à BBC Brasil.

"O problema do Mané Garrincha foi interno. Faltou comida, havia muitas filas. Mas a acessibilidade é muito melhor do que a de Recife. Desde que saí de casa até chegar aqui, demorei cerca de 3 horas. Isso porque tivemos que ir para o shopping, pegar um tíquete, entrar em um ônibus, em um metrô, em outro ônibus e ainda andar muito mais do que andei em Brasília até chegar no estádio."

Borba, que é de Recife, diz que foi surpreendido pelas instalações do metrô da cidade, que nunca havia utilizado. "As instalações eram melhores do que eu esperava, tem ar-condicionado. Mas o trajeto é muito demorado e essa era praticamente a única opção, porque o estacionamento era longe e para poucos carros. Isso levou quase toda a população a utilizar o mesmo meio de transporte", afirmou.

"Eu fui para a Olimpíada de Londres, era totalmente diferente. Também fui para a Copa do Mundo 2010 na África do Sul e lá foi mais organizado do que está sendo aqui."

Exercício

O espanhol Ángel Miguel, de 43 anos, vive no Brasil há cerca de três anos e se disse surpreso com os problemas no acesso à Arena. "Eu pensava que estariam melhor preparados", disse à BBC Brasil.

"O metrô estava muito cheio de gente, impossível. A saída foi o pior de tudo."

O japonês Hidei Toshi, de 34 anos, veio de Nova York, onde vive, para assistir às partidas entre Espanha e Uruguai e Itália e Japão, na próxima quarta-feira e disse estar otimista sobre a organização. "Vejo que muitas coisas precisam melhorar, para ser sincero. Mas é um bom exercício para eles (os organizadores) há um ano do torneio. Podem ter feedback e consertar até lá."

"Ajudaria ter mais ônibus especiais. As estações de metrô também poderiam ter múltiplas saídas e escadas para os deficientes", disse.

A saída da Arena Pernambuco após o jogo também foi marcada por tumultos e longas esperas nas estações de metrô. A Secopa foi contactada pela BBC Brasil, mas afirmou que divulgará o balanço da operação de acesso e segurança no jogo na tarde dessa segunda-feira, em uma coletiva de imprensa.

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