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Surto de cólera mata 150 no Haiti; Brasil enviará ajuda

22 out 2010 - 20h58
(atualizado às 21h31)
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O Haiti e seus parceiros de ajuda humanitária tentavam na sexta-feira conter um surto de cólera que matou mais de 150 pessoas e deixou centenas de doentes. "Até agora temos mais de 1,5 mil casos e o número está aumentando, e há mais de 150 mortes confirmadas", disse em teleconferência o médico Carleene Dei, diretor da missão no Haiti da agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

Doentes aguardam na rua por atendimento médico no Hospital St. Nicholas, em Saint Marc
Doentes aguardam na rua por atendimento médico no Hospital St. Nicholas, em Saint Marc
Foto: Reuters

O governo brasileiro expressou preocupação e prometeu em nota divulgada nesta sexta contribuir contra o surto da doença na região de Mirebalais e Saint Marca, a cerca de 100 km da capital do Haiti, Porto Príncipe. "Na próxima semana, o Brasil enviará, em voos especiais da FAB, antidiarreicos, sais para reidratação oral e antibióticos, além de luvas e outros materiais descartáveis", disse o Itamaraty em comunicado.

O presidente do Haiti, René Préval, confirmou mais cedo que se tratava de um surto de cólera, na maior crise sanitária desde o terremoto devastador de janeiro que matou 300 mil pessoas e devastou o país, o mais pobre do continente. Essa é a primeira epidemia de cólera no Haiti em um século, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS). As autoridades haitianas do setor de saúde e entidades internacionais estão se empenhando para lidar com o problema.

"Agora estamos nos certificando de que as pessoas estejam plenamente informadas sobre as medidas preventivas que devem adotar para evitar a contaminação", disse Préval na capital, Porto Príncipe, depois de se reunir com autoridades governamentais do setor de saúde. Os sanitaristas estavam aguardando os resultados finais de exames de laboratório para determinar a causa de um repentino surto de diarreia aguda nas regiões de Artibonite e Central, situadas ao norte da capital, devastada pelo terremoto de janeiro.

O governo haitiano notificou mais de 1,5 mil casos do surto, mas nenhum foi registrado em Porto Príncipe, onde cerca de 1,3 milhão de desabrigados estão morando em acampamentos. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), escritório regional da OMS, disse que enviou equipes médicas, remédios e água limpa para a região mais atingida pelo surto de diarreia.

"Nossa expectativa é de que (os casos) aumentem", disse vice-diretor da Opas, Jon Andrus, em Washington. Ele acrescentou que a vizinha República Dominicana deve ficar alerta para o risco de o cólera atravessar a fronteira. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que técnicos brasileiros do Ministério da Saúde estão em Porto Príncipe, onde treinam agentes sanitários haitianos e ajudam a levantar as necessidades de material médico.

Brasil promete ajuda

A embaixada do Brasil em Porto Príncipe está em contato com o governo local e com organizações não-governamentais para contribuir com a mobilização de equipes médicas e com a distribuição de suprimentos médicos, alimentos e itens de higiene.

Técnicos do Ministério da Saúde estão na capital haitiana ministrando treinamento a agentes sanitários haitianos e preparando levantamento das necessidades de material médico. O fato agrava ainda mais a difícil realidade enfrentada pelo país caribenho desde o terremoto de 12 de janeiro.

Hospitais lotados

Os hospitais locais estão superlotados de pacientes com diarreia, e as vítimas morrem por causa de uma rápida desidratação, às vezes em questão de horas, segundo as autoridades. Equipes médicas que ainda estão no Haiti para a operação de ajuda pós-terremoto foram enviadas à região do surto, ao redor da localidade de Saint-Marc, uma zona agrícola que recebeu muitos sobreviventes do terremoto.

Os trabalhadores do setor de saúde estão se empenhando para impedir a disseminação da doença pelos acampamentos espalhados pela capital. O cólera é uma doença aguda transmitida por meio de água e alimentos contaminados. Ela causa diarreia aquosa e uma desidratação severa, que pode matar em questão de horas se não for tratada.

O chefe do Departamento de Saúde do governo, Gabriel Thimote, disse que as vítimas são de várias idades, mas jovens e velhos aparentemente são mais afetados. Especialistas dizem que até 80% dos casos de cólera podem ser tratados satisfatoriamente com sais orais de re-hidratação. Água limpa e saneamento básico são cruciais para reduzir o impacto do cólera e de outras doenças transmitidas pela água.

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