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SP registra aumento de 163% nos casos de dengue

Interior paulista enfrenta epidemia da doença: pelo menos sete já morreram só neste ano; em algumas cidades, o Carnaval foi cancelado

4 fev 2015 - 18h27
(atualizado às 19h09)
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Funcionários da prefeitura de Guararapes realizam a limpeza de caixas d'água
Funcionários da prefeitura de Guararapes realizam a limpeza de caixas d'água
Foto: Chico Siqueira / Especial para Terra

Do início de janeiro até o dia 24, a cidade de São Paulo registrou 1.304 casos de dengue notificados, dos quais 120 autóctones (originados na própria região). No mesmo período do ano passado, foram 495 notificações e 45 casos autóctones - um aumento, portanto, de 163% nos números totais. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4) pela Secretaria Municipal de Saúde.

Há estimativas de que, se continuar nesse ritmo, os registros de dengue neste ano, na cidade de São Paulo, ultrapassem em muito os números de 2014, quando a doença afetou 28.995 pessoas, com 14 mortes. A quase totalidade (97,7%) dos casos foram no primeiro semestre.

Nesta terça-feira, no interior do estado, mais uma pessoa morreu – aumentando para sete o número de mortes confirmadas pela doença em 2015 – e seis outros óbitos estão sob suspeita. Ao menos 14 municípios do interior paulista enfrentam epidemias da doença; quatro deles anunciaram o cancelamento do Carnaval para investir as verbas e os recursos humanos no combate à proliferação dos focos do mosquito transmissor. 

A última morte causada pela dengue ocorreu na Santa Casa de Guararapes, a 545 quilômetros da capital, cidade onde outras três pessoas já tinham morrido em consequência da doença desde o início de janeiro. A morte desta terça-feira foi de um aposentado de 85 anos que estava internado no hospital. Como o paciente morava em Rubiácea, cidade a 5 quilômetros de Guararapes, o óbito vai ser registrado para aquele município.

Além das mortes de Guararapes e Rubiácea, pacientes morreram com dengue em Marília (1), Lins (1) e Caraguatatuba (1). Outras seis mortes suspeitas foram relatadas nos municípios de Catanduva (2), Limeira (1) e Itapira (3). Em Sorocaba, com 864 casos positivos confirmados, além de Penápolis (316), Tanabi (110), Neves Paulista (59), Porto Ferreira (330), Aguaí (539), Ubirajara (48), Guararapes (961), Rubiácea (20), Marília (1.171), Caraguatatuba (313), Catanduva (904), Limeira (640) e Itapira (220), a dengue já é epidêmica.

Santos usa drone para identificar criadouros de mosquito da dengue:

Quatro delas – Limeira, Catanduva, Itapira e Penápolis – cancelaram o Carnaval por causa da doença. Em Catanduva, que possui uma festa tradicional, o prefeito Geraldo Vinholi (PSDB) cancelou o desfile das escolas de samba e vai usar as verbas da festa, de R$ 1,5 milhão, nas ações de combate à doença.

Em Limeira, o Carnaval seria realizado em salões de quatro bairros, mas apenas o destinado à Terceira Idade foi mantido. “Vamos usar os recursos no combate à dengue”, afirmou ao Terra o prefeito Paulo Hadich (PSB). Em Itapira, a Prefeitura cancelou o Carnaval de rua que reuniria quatro escolas de samba e cinco blocos e vai investir os recursos de R$ 110 mil, que seria usados na festa, para combater a epidemia, que já contaminou mais de 500 pessoas no município.

Em Penápolis, a prefeitura já tinha iniciado os preparativos, mas a epidemia da doença fez o prefeito Célio de Oliveira (PSD) cancelar o desfile de rua e investir os recursos de R$ 100 mil em ações contra a doença.

Em Ubirajara, a Prefeitura foi obrigada a adiar por uma semana a volta às aulas dos estudantes da rede municipal para evitar a proliferação da doença, que atingiu 60 pessoas, na cidade de 5 mil habitantes. 

Municípios fazem o que podem

Na tentativa de reduzir os danos e já se preparando para o acirramento da dengue as prefeituras não só cancelam as festas. Em Limeira, o prefeito Paulo Hadich prevê a instalação de um hospital de campanha para atender o aumento do número pacientes por conta da escalada da doença. Seu município deve entrar oficialmente em situação de epidemia ainda nos próximos dias, mas Haduchi se adiantou nas medidas. 

“Sabemos que atingiremos o número de epidemia nos próximos dias, mas já adotamos as medidas agora”, afirmou. Entre as medidas, está a instalação de um gabinete de gestão de crise que vai acompanhar e decidir as ações públicas e privadas a serem feitas para combater a doença. “Estabelecemos 13 pontos de hidratação em unidades públicas e quatro em unidades privadas”, disse. A hidratação é vital para a recuperação dos pacientes. Além disso, Limeira usa bloqueios químicos para atacar o mosquito e até um drone para mapear área com focos do mosquito.

Em Guararapes, com um fluxo de mais de 200 pessoas por dia atrás de atendimentos nas unidades de saúde, a Prefeitura criou uma ala especial no Posto de Saúde para atender os doentes. “Criamos uma ala exclusiva para atender os doentes de dengue, para que eles possam fazer hidratação, pré e pós consultas e para que possamos apressar o diagnóstico da doença.

<p>Mutirão para aplicação de inseticida em Guararapes, interior de SP</p>
Mutirão para aplicação de inseticida em Guararapes, interior de SP
Foto: Chico Siqueira / Especial para Terra

Além disso, estamos fazendo mutirões e aplicando inseticida em toda a cidade”, explicou a chefe da Vigilância Sanitária de Guararapes, Leonor Rodrigues dos Santos.

Na última sexta-feira, em visita à região de Araçatuba, o governador Geraldo Alckmin, pediu empenho de prefeitos e moradores para lutar pelo extermínio dos pontos de acúmulo de água. Depois de explicar que o Estado auxilia os municípios por meio da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), o governado fez um apelo à população, afirmando que somente os moradores é podem controlar a doença. 

“A única maneira de combater a dengue é combatendo o mosquito. Combater o mosquito é retirar a água parada. O calor - estes últimos anos, e agora, têm sido os mais quentes do século, facilita a proliferação dos mosquitos que vivem em águas paradas”, comentou. “Por isso, quero aqui fazer um apelo: para que todo mundo verifique o quintal e suas casas, vasos, ou seja, onde pode ter água, para evitar água parada, que é a única forma eficaz de combater a doença”, declarou.

Fonte: Especial para Terra
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