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SP: polícia prende diretores de empreiteira suspeitos de corrupção

A empreiteira venceu concorrências em mais de 70 municípios do interior, faturando contratos avaliados em mais de R$ 1 bilhão

9 abr 2013 - 18h32
(atualizado em 16/7/2013 às 19h55)
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A Operação Fratelli, realizada nesta terça-feira em mais de 20 cidades do noroeste paulista, terminou com a prisão de 13 pessoas e 160 mandados de busca e apreensão cumpridos por agentes da Polícia Federal, procuradores do Ministério Público Federal e promotores do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). Entre os presos estão quatro diretores da empreiteira Demop e de outras empresas do grupo Scamatti & Seller, detidos pela manhã em Votuporanga, sede das empresas. 

Também foram presos outros empresários e servidores públicos, cujos nomes não foram revelados pelos promotores. Foram apreendidos três carros de luxo, R$ 240 mil em dinheiro e 20 armas. As buscas foram feitas nas empresas, casas de empresários e de ex-prefeitos e em mais de 20 prefeituras da região, que tiveram seu atendimento ao público interrompido enquanto os promotores faziam a blitz atrás de processos de licitações. Os agentes e promotores também apreenderam um grande volume de computadores, documentos e arquivos que vão servir de provas de licitações fraudulentas promovidas pelo grupo criminoso liderado pela Demop.

A empreiteira venceu concorrências em mais de 70 municípios do interior paulista, faturando contratos, patrocinados com verbas do Estado e União, avaliados em mais de R$ 1 bilhão, informou o promotor João Santa Terra, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São José do Rio Preto, que lidera as investigações. 

Segundo o promotor, o grupo criminoso contava com ajuda de servidores e empresas “parceiras” para dar ar de legalidade e vencer as concorrências. O grupo oferecia aos prefeitos as verbas para as obras em troca de favorecimento nas concorrências.

“Temos notícias de mais de 400 contratos vencidos por este grupo no Estado de São Paulo”, afirmou o promotor Evandro Ornelas Leal, do Gaeco. O material apreendido será analisado agora pelo Gaeco e apresentado em denúncia à Justiça. “Nossa participação é mais uma prova de que o Ministério Público é imprescindível no combate ao crime por meio de investigação criminal”, afirmou Santa Terra.

Os promotores negaram que entre os 13 presos haviam ex-prefeitos. Segundo eles, os políticos tiveram suas casas vasculhadas pelos agentes que estavam à procura de provas, mas não chegaram a ser detidos. “Exceto um ex-prefeito, que foi preso por porte de arma, numa ação que não tem nada a ver com a Operação”, disse Santa Terra.

Verbas federais também teriam sido desviadas

Além de verbas estaduais o grupo de empresas suspeitas também seria responsável por fraudes em concorrências patrocinadas com verbas dos ministérios de Turismo e Cidades. Segundo o procurador da República em Jales (SP), Thiago Nobre Lacerda, somente com festas de peão, bancadas pelo Ministério de Turismo, foram desviados mais de R$ 15 milhões na região.  “A gente já estava atrás desse pessoal, e como os promotores estaduais também estavam, decidimos participar da operação”, disse Lacerda. “Só com o desvio de verbas do Ministério do Turismo foram abertas 32 ações, com 89 réus, entre eles 39 prefeitos e um ex-deputado, Vadão Gomes (PP-SP)”, contou Lacerda. 

O procurador disse que, durante as investigações, ele identificou mais de 40 empresas que atuavam como “parceiras” da Demop nas fraudes. “Essas empresas são controladas por esse grupo criminoso”, disse. 

Segundo o procurador, centenas de convênios, realizados por mais de 40 municípios paulistas com o Ministério de Cidades, também estão sendo investigados. 

Fonte: Terra
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