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SP: moradores de favela incendiada tentam recuperar objetos

4 set 2012 - 15h34
(atualizado às 17h21)
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Depois de passarem a noite na calçada, alguns moradores da favela Sônia Ribeiro, conhecida como favela do Piolho, atingida por um incêndio na tarde de segunda-feira, tentavam recolher algum objeto no meio dos barracos e pertences queimados. Os moradores que aceitaram a ajuda da prefeitura foram levados para um abrigo improvisado em uma igreja próxima à comunidade. Na manhã desta terça, a Defesa Civil vistoriou o local.

Localizada entre as ruas Cristóvão Pereira e Xavier Gouveia, perto da Avenida Roberto Marinho, na zona sul da capital paulista, a favela ocupa uma área de 12 mil m², dos quais 4,5 mil m² foram atingidos pelas chamas.

Segundo informações da subprefeitura de Santo Amaro, das 595 famílias que moram na comunidade, 285 foram atingidas, o que, pelas estimativas da Defesa Civil e da subprefeitura, pode chegar a 1.140 pessoas desabrigadas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, três pessoas ficaram feridas.

O coordenador da Defesa Civil, coronel Jair Paca de Lima, disse que o órgão ainda está distribuindo donativos às famílias desabrigadas. Além disso, foi feito o cadastro de cada uma delas para verificar quais estão inscritas em projetos habitacionais da região. "A polícia científica vai fazer a análise e a subprefeitura deve fazer a limpeza do terreno depois. Aquelas que não tiveram seus imóveis afetados devem voltar às suas casas, aquelas que tiveram as casas afetadas terão albergues ou abrigos à sua disposição".

Paca de Lima ressaltou que a tragédia só não foi maior porque, no local, há pessoas orientadas para esse tipo de situação, treinadas conforme as regras do plano da prefeitura de prevenção a incêndios em favelas, o Previn. No âmbito do plano, um grupo de moradores é orientado sobre como proceder em caso de incêndios. "A intensidade das chamas foi tão grande que até casas de alvenaria foram atingidas. O Previn ajudou na forma de retirar as pessoas. Hoje, temos o Previn em 121 favelas e a ideia é chegar a 150. A análise de quantas e quais deveriam ter esse plano foi feita pelo Corpo de Bombeiros, prefeitura e Defesa Civil".

A ajudante de limpeza Valquíria Rosane dos Santos, 21 anos, contou que perdeu tudo no incêndio e que estava em casa quando as chamas começaram a atingir os barracos. Para ela, o responsável pela tragédia é a subprefeitura, que não teria tirado o lixo acumulado na favela. Acredita-se que a origem do fogo tenha sido o lixo. "Quando eu abri a porta da minha casa, o fogo já estava na parede da minha casa. Foi o tempo de pegar minha filha e sair correndo. Ela ficou na casa da minha mãe e eu estou aqui desde ontem com a roupa do corpo. Não tive como salvar nada".

Com os cinco filhos no abrigo, a diarista Cícera Galvão, 31 anos, não estava em casa quando o fogo começou. Tanto ela quanto seu marido estavam trabalhando e os filhos estavam na escola. "Não tivemos como salvar muita coisa. Ganhamos colchões ontem à noite e meu marido está lá tentando ver o que sobrou. Estamos esperando para ver o que a prefeitura vai fazer conosco. Ninguém se manifestou ainda".

A moradora Sidnai Santos Batista foi uma das poucas que não teve problemas com o incêndio. Sua casa não foi atingida porque o fogo foi barrado por uma moradia de alvenaria vizinha à dela. "Não perdi nada, mas conheço muita gente que perdeu. A causa desse incêndio foi o descaso das autoridades que não tiraram o lixão que tinha ali. Agora eles precisam nos ajudar com moradia", disse.

Moradores tentam recolher alguma coisa em meio aos barracos e pertences queimados
Moradores tentam recolher alguma coisa em meio aos barracos e pertences queimados
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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