RS oferece especialistas em desastres para ajudar o Haiti
- Fabiana Leal
- Direto de Porto Alegre
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul colocou à disposição do governo federal dois engenheiros e um arquiteto, especialistas em desastres ambientais, para ajudar nas ações que devem ser feitas no Haiti.
Segundo o secretário da Saúde do Estado, Osmar Terra, essa iniciativa é uma das três linhas que o governo considera fundamental neste momento para auxiliar o país que foi devastado por um terremoto na última terça-feira.
Não há prazo para esses profissionais irem para o Haiti. Um deles, o engenheiro civil Mauro Kotlhar, acredita que antes de viajarem para o país, é preciso que se amenize o caos que se instalou lá. "Tem de ter um mínimo de infra-estrutura, porque senão seremos mais pessoas a dar problemas. Eu vou ter necessidade de beber água, mas estaria tirando o produto deles", disse. Ele estima que em menos de duas semanas a viagem não seja possível.
O engenheiro civil Paulo Ricardo Mota e o arquiteto Vilson Dias são os outros dois profissionais do Núcleo dos Eventos Ambientais Adversos à Saúde, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, que deverão ir ao Haiti. Eles verificariam os impactos do desastre à saúde da população e também as estruturas e a rede de saneamento após o acidente, entre outras ações.
Cadastro de voluntários
O governo do Rio Grande do Sul começa nesta sexta-feira a fazer o cadastro de voluntários da área da saúde com especialização ou experiência nas áreas de traumatologia e cirurgia - as maiores necessidades dos haitianos neste momento, segundo avaliação do governo.
O cadastro pode ser feito pelo site da Secretaria de saúde (www.saude.rs.gov.br) e não garantirá que a pessoa irá para o Haiti, pois depende de o país atingido pelo terremoto demandar esses profissionais e da logística de transporte e alojamento do governo federal. O Estado entrará com a parte da alimentação dos voluntários.
Apoio psicológico
Também será oferecido apoio psicológico para famílias de pessoas que estão no Haiti e de haitianos que residam no Rio Grande do Sul. "Vai ser um atendimento em casa, como fizemos após o acidente em Congonhas (com o avião da TAM, em 2007, que saiu de Porto Alegre (RS) com destino a São Paulo). As famílias que desejarem esse atendimento podem ligar para o telefone 150.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. No entanto, devido à precariedade dos serviços básicos do país, ainda não há estimativas sobre o número de vítimas fatais nem de feridos. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.