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RS: Assembleia acusa interferência de poderes no caso Jardel

1 dez 2015 - 09h23
(atualizado às 09h27)
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A Assembleia Legislativa gaúcha começa a decidir formalmente nesta terça-feira (1) o destino político do ex-jogador de futebol e deputado Mário Jardel (PSD). Ele foi afastado de suas funções na segunda-feira por determinação judicial, a partir de pedido do Ministério Público do RS. O MP solicitou o afastamento porque investiga Jardel desde o mês de setembro em uma operação batizada de ‘Gol Contra’ e, dentro de 10 dias, pretende denunciá-lo por pelo menos quatro crimes: falsificação documental, concussão, peculato e desvio e lavagem de dinheiro.

Após investigações da operação "Gol Contra", do MP-RS, o ex-atacante Jardel é acusado pelos crimes de falsificação documental, concussão, peculato e desvio e lavagem de dinheiro
Após investigações da operação "Gol Contra", do MP-RS, o ex-atacante Jardel é acusado pelos crimes de falsificação documental, concussão, peculato e desvio e lavagem de dinheiro
Foto: Divulgação

Apesar de ocorrer na prática (o deputado não está indo à Assembleia) a suspensão em tese depende de decisão do Legislativo, e deputados consideraram que houve ‘interferência entre poderes’. "O Legislativo tem mecanismos suficientes para atender a uma solicitação do Judiciário", resume o corregedor da Casa, deputado Marlon Santos (PDT).

A definição sobre o encaminhamento do caso na Assembleia só aconteceu na noite de segunda-feira, após o fechamento do Legislativo. Além dos trâmites junto à procuradoria, à corregedoria e à Comissão de Ética, a direção decidiu buscar um parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, só depois dele, emitir decisão. A CCJ tem reunião ordinária na manhã desta terça-feira. Também nesta manhã a procuradoria da Casa apresenta um parecer durante a reunião de líderes.

Vídeo mostra esquema de corrupção no gabinete de Jardel:

As provas juntadas pelo Ministério Público incluem escutas telefônicas, vídeos, mensagens e documentos como cheques, notas fiscais e recibos de pagamento de contas. Ontem pela manhã o MP cumpriu mandatos de busca e apreensão no gabinete de Jardel na Assembleia Legislativa, em sua casa, na casa de sua mãe e de um irmão e em um jornal da cidade de Gravataí, em função da suspeita de uso indevido de publicidade superfaturada com retorno para o deputado. Foram apreendidos muitos telefones celulares, inclusive os do deputado e os de sua esposa porque, segundo o Procurador-Geral de Justiça do RS, Marcelo Dornelles, Jardel e assessores faziam muitas combinações em conversas pelo telefone e através da troca de mensagens pelo WhatsApp.

Dornelles detalhou que Jardel exigia uma parte dos salários de todos os funcionários do gabinete e da bancada do PSD, da qual ele é o único representante na Assembleia. Os valores seriam usados para o pagamento de contas particulares do deputado e de seus familiares. Ainda conforme o MP, Jardel ficava com pelo menos R$ 3 mil do salário de cada um dos servidores. As investigações também apontam para a utilização de notas superfaturadas e frias e para o recebimento de diárias de viagens não feitas. E para a existência de pelo menos quatro funcionários fantasmas no gabinete. Nesta terça o MP começará a ouvir assessores de Jardel.

Drogas

Além de todos os crimes pelos quais o Ministério Público do RS pretende denunciar o deputado Mário Jardel, as investigações comprovaram que o ex-jogador não conseguiu se livrar de seus problemas com drogas. Durante as buscas em sua casa, foram encontradas e apreendidas duas buchas de cocaína. O procurador-geral de Justiça do RS, Marcelo Dornelles, disse que Jardel não foi detido porque se caracteriza como usuário e, por isso, foi apenas lavrado um termo circunstanciado.

A relação entre o consumo de drogas e as atividades dele como parlamentar também estão na mira do MP. As investigações teriam comprovado que uma das funcionárias fantasma do gabinete é esposa de um homem que desempenha as funções de secretário particular de Jardel e responderia pelo fornecimento de drogas ao parlamentar. “Há muita compra de droga. O deputado é usuário contumaz de drogas, em especial cocaína. E temos muitas provas de que o marido da funcionária, que é fantasma, fornecia a droga a ele”, resumiu Dornelles.

Fonte: Especial para o Terra
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