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RJ: Beltrame faz desabafo após operação no Alemão

Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro quer uma discussão profunda da sociedade sobre leis que deixam soltos criminosos que roubam celular e cordão de ouro, por exemplo

18 set 2014 - 15h33
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A coletiva de imprensa era para tratar sobre o saldo da operação Urano, que deteve 25 pessoas até o momento nesta quinta-feira no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Só que o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, aproveitou a ocasião para fazer um desabafo e pedir a revisão de leis que hoje deixam soltos os que cometem crimes de menor porte - como furto de celular e cordões de ouro, prática comum na zona sul.

“Tivemos um esforço imenso da polícia com 561 homens na praia, 30 pessoas foram praias, e ficaram só seis. Não é culpa do delegado, não é culpa da PM, é da legislação. Não defendo aqui o encarceramento ou não, só acho que isso deve ser discutido. É uma boa discussão”, analisou Beltrame.

O comandante da Seseg se referiu aos arrastões nas praias da zona sul do Rio de Janeiro, sobretudo Copacabana e Ipanema, no último domingo, que provocou pânico e muita confusão entre banhistas e menores de idade, que nos chamados “bondes”, praticaram diversos roubos nas areias cariocas. O final de semana foi justamente o início da Operação Verão – foi antecipada em três meses.

“Existem outras ações que precisam ser feitas ou, no mínimo, discutidas. Como a questão da legislação, como a participação do poder judiciário e Ministério Público, sistema prisional, fronteiras, política para menor, para o crack. Hoje nós tivemos menores apreendidos que já eram conhecidos”, disse sobre a operação desta quinta-feira no Alemão.

“Se você pegar alguém na rua com o carro roubado, ele sai (da cadeia), porque recepção é (só) três anos. O que dirá quando então de alguém que pega um cordão de ouro ou celular? O que eu quero dizer é que essas questões precisam ser discutidas. Esses 24 que saíram vão estar de novo lá (nas praias), e a polícia também. Eu quero deixar mais uma vez essa mensagem. A polícia não está se eximindo de fazer o seu papel. As operações vão continuar”, completou.

Para Beltrame, “o Estado tem que mostrar para essas pessoas que não vale a pena cometer o crime, porque se não a polícia vai seguir fazendo esse papel a vida inteira”. O secretário salientou ainda que “pegurança pública é um sistema, só que me parece que existe um olhar muito forte para cima das instituições policiais. E a sociedade tem que ver essas leis que se criam e a sociedade não sabe.”

Operação Urano

Dos 41 mandados de prisão expedidos para a operação desta quinta-feira, 25 foram cumpridos até o momento durante a ação para combater o tráfico de drogas no Alemão. Deste total, 21 prisões foram cumpridas, sendo que outras quatro pessoas foram presas – duas em flagrante, e outras duas foragidas.

De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a principal prisão efetuada no conjunto de favelas, ocupado desde 2010, é a do suposto líder do tráfico local, Edson Silva de Souza, o “Orelha”.

Ele seria o líder do grupo de criminosos que vêm promovendo ataques sistemáticos às forças policiais – que já vitimaram fatalmente, desde o início do ano, seis policiais familiares. Entre eles, o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade de Nova Brasília, Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, alvejado no peito durante conflito na semana passada.

"Todas as manifestações ocorridas no Alemão desde janeiro estavam a mando daquela facção criminosa, sob a desculpa de estarem revoltados com a ação da polícia. Mas eram todas ordenadas pelo tráfico de drogas", disse o promotor do MP-RJ Fábio Miguel. O grupo estaria ligado também aos violentos protestos, que incineraram ônibus e promoveram a desordem na zona norte do Rio.

É o que explica o subsecretário de Inteligência da Seseg, Fábio Galvão. "Esse grupo está envolvido em todas as manifestações, inclusive políticas. Foi tudo orquestrado". O delegado Felipe Curi, titular da 27a DP (Vicente de Carvalho) endossou: "Após todas as operações que fizemos, houve manifestações, todas estimuladas pelo tráfico com a desculpa de que estávamos prendendo inocentes, só porque não tinham antecedentes criminais".

Ainda não há provas concretas de que os suspeitos presos nesta operação tenham ligação direta com o assassinato do comandante da UPP Nova Brasília. O caso está sob investigação de Delegacia de Homicídios da Polícia Civil. 

Fonte: Terra
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