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Rio: moradores da serra dizem que é difícil esquecer trauma

Rio: moradores da serra dizem que é difícil esquecer trauma

12 fev 2011 - 12h23
(atualizado às 12h52)
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Um mês depois da tragédia que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, moradores de bairros castigados ainda lamentam as perdas e dizem não acreditar nas dimensões da destruição. No Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis, os sinais das inundações e deslizamentos de terra ainda estão por toda a parte.

12.01 - Franco da Rocha/SP: prédios públicos como a prefeitura, a Câmara de Vereadores e a Delegacia de Polícia ficaram tomados pela água
12.01 - Franco da Rocha/SP: prédios públicos como a prefeitura, a Câmara de Vereadores e a Delegacia de Polícia ficaram tomados pela água
Foto: Célio Campos / Futura Press

Ao longo da rodovia BR-495, que corta diversos bairros da região, tratores e caminhões trabalham para remover os montes de barro que foram arrastados pelas enxurradas. Alguns operários utilizam máscaras para se proteger da poeira. Árvores arrancadas, automóveis totalmente danificados e alguns móveis e eletrodomésticos cobertos pela lama ainda são vistos em algumas áreas. Muitas casas ainda guardam as marcas da água, que derrubou paredes, destruiu muros, arrastou carros e provocou a morte de centenas de pessoas.

O caseiro José Henrique Moreira, 71 anos, disse que não consegue esquecer a noite em que sua casa, próxima ao rio Cuiabá, que transbordou com as chuvas, veio abaixo. Ele contou que só se salvou porque o neto, que morava com ele, acordou de madrugada para trabalhar e viu o que estava acontecendo. Antes que a força da água derrubasse o imóvel onde viveu por 30 anos, eles conseguiram sair, pela janela, e fugir para a casa do patrão, que não foi atingida porque fica na parte alta do terreno.

"Nunca vi uma coisa assim na minha vida. É muito triste e a gente não consegue esquecer. Tudo passa como se fosse um filme de terror pela cabeça", disse ele, que foi encontrado pela reportagem da Agência Brasil lamentando a tragédia no terreno vazio e barrento onde antes ficava sua casa.

Do outro lado da rua, alguns imóveis, embora bastante danificados, ainda estão de pé. Pelas paredes é possível ver a que altura a água chegou: a cerca de dois palmos do teto. Em uma delas, conforme o caseiro contou, um casal conseguiu sobreviver flutuando em um colchão. "Eles disseram que ficaram desesperados porque só viam a água subir e não sabiam até quando conseguiriam ficar em cima do colchão", falou emocionado.

Em outra localidade, conhecida como Buraco do Sapo, também às margens da BR-495, muitas casas foram inundadas. O aposentado Dirceu de Sá, 75 anos, disse que nunca vai esquecer as cenas que viu. "Sou nascido e criado aqui e nunca pensei em passar por isso. É muita destruição. Tem lugar que a gente nem sabe mais como era antes. A gente olha e só vê lama, terra. Isso aqui acabou tudo. Vai ser difícil esquecer".

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Veja onde foram registradas as mortes

Agência Brasil Agência Brasil
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