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Resgate do FMI à Grécia precisa ser repensado, diz Mantega a jornal

9 ago 2013 - 06h37
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O ministro da Economia, Guido Mantega, disse ao jornal britânico Financial Times que os programas de resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI) à Grécia precisam ser remodelados para que sejam mais realistas, na tentativa de salvar a economia do país.

"Eu acho que esses programas de ajuste fiscal criados pela Europa em geral são excessivos", disse Mantega, em reportagem publicada nesta sexta-feira na capa do jornal.

No mês passado, o Brasil absteve-se em uma votação no FMI para aprovar mais uma parcela da ajuda à Grécia. A diretora do FMI, Christine Lagarde, telefonou para Mantega cobrando apoio do Brasil à iniciativa.

Na ocasião, o ministro brasileiro disse que o representante do Brasil e de 10 outros países no FMI, Paulo Nogueira Batista, havia agido de forma "unilateral", sem consultar Brasília.

Mas segundo o jornal, Mantega diz agora que tanto ele quanto Batista pensam que "os programas de resgate para a Grécia e outros países da periferia da zona do euro precisam ser revistos e melhorados, para dar melhores chances de recuperação a esses países".

De acordo com o Financial Times, as novas declarações de Mantega provocam um debate no FMI.

"O furor provocou um debate quente dentro e fora do FMI sobre se os comentários de Batista refletiam apenas as ações inescrupulosas de um diretor atuando de forma independente, ou se apontavam para uma divisão cada vez maior sobre a crise da dívida na zona do euro entre países desenvolvidos e mercados emergentes", escreve o jornal.

Austeridade

O FMI é um dos três órgãos da "troika", o grupo de organizações que estão emprestando dinheiro para que a Grécia consiga saldar suas dívidas públicas. Os outros dois são a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.

As três entidades já desembolsaram 240 bilhões de euros em ajuda à Grécia desde 2010. No mês passado, o FMI aprovou - com abstenção dos 11 países representados por Batista - uma revisão do empréstimo, que prevê o desembolso de mais 1,7 bilhão de euros.

Apesar da ajuda, o FMI diz que a Grécia precisa aumentar seus esforços de redução de gastos, para conseguir saldar suas dívidas. A economia grega não está crescendo no ritmo desejado para conseguir se recuperar.

Em julho, o Parlamento grego aprovou um novo plano de austeridade que prevê a demissão de 4,2 mil trabalhadores do setor público, incluindo professores.

Outros 25 mil trabalhadores serão colocados em um "esquema de mobilidade". Eles passam a receber apenas 75% do atual salário e terão oito meses para buscar um novo emprego.

Apesar de protestos populares, essas medidas foram aprovadas no Parlamento grego com 153 votos a favor e 140 contra.

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