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Reitor da UFBA afirma que sistema de cotas da universidade tem mais eficiência social

27 set 2009 - 10h25
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Pesquisafeita pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) mostra que a conjugação do sistema de cotas sociais com o de cotas raciais, utilizado pela instituição, pode ser um meio eficiente de dar acesso à universidade aos setores populacionais mais excluídos.

Desde 2004, a universidade destina 45% de suas vagas para os alunos oriundosde escolas públicas. Dentro dessa cota primária é aplicado o segundocorte, preenchido de forma proporcional à composição de raça/cor dapopulação no caso da região metropolitana de Salvador, 85% são pretosou pardos. Os candidatos às vagasuniversitárias devem fazer autodeclaração quanto a sua cor, mesma metodologia utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para definir a cor dos entrevistados no Censo Demográfico.

Naavaliação do reitor da instituição, Naomar Monteiro de Almeira Filho, osistema "é muito mais eficiente e dá resultados mais rápidos doque outros modelos de discriminação positiva", diz, comparando o modelo baiano ao sistemade bônus para alunos egresso de escolas públicas, utilizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e ao sistema decotas raciais, como o da Universidade de Brasília (UnB).

"Entre os quatro modelos, o nossofoi o que o MEC Ministério da Educação acolheu e apresentou como proposta ao CongressoNacional", ressalta o reitor se referindo ao projeto de lei emdiscussão no Senado Federal que institui cotas para as universidades federais. "O modelo que a gente concebeu, aosecundarizar a questão da cor e dar prioridade à origem social eescolar, produz a equidade", avalia.

Quase 70% dos cotistas daUFBA vêm de famílias que recebem até três salários mínimos. "Issodestrói o mito de que o sistema de cotas privilegia os alunos negros daelite ou do colégio militar", considera o reitor para quem "o sistemaestá colocando na universidade gente realmente pobre".

SegundoNaomar Filho, a "eficiência social" do sistema da universidade pode serverificado no significativo aumento de chance de os alunos pobresingressarem na universidade. Há cinco anos, a chance de aprovação novestibular de um aluno com renda familiar de até três salários mínimosera 5,5 vezes menor do que a chance de um aluno com renda acima de 20salários mínimos ou mais. Hoje a diferença é de apenas 1,6 vezes.

Oreitor relata que a universidade mudou o seu perfil demográfico e, hoje,apenas 51% são oriundos de colégios particulares. Segundo NaomarFilho, não houve protestos da classe média alta contra a "subtração devagas", porque a inclusão de cotistas é feita com a ampliação do númerode vagas na instituição. Houve também, nesse período, a interiorização da universidade com a instalação de novos campiuniversitários e abertura de cursos noturnos (3.660 vagas), viabilizadoscom o financiamento do Programa de Reestruturação e Expansão dasUniversidades Federais (Reuni). Em 2004, a UFBA ofereceu 3.900 vagas.No vestibular para 2010 serão 7.916 vagas.

Outros indicadoreslevantados pela pesquisa da UFBA mostram que o desempenho dos alunoscotistas é satisfatório. "A performance relativa ao ponto de entrada ésempre melhor. Todos os anos os cotistas melhoram mais e os nãocotistas pioram o seu desempenho", afirma o reitor destacando que"quanto mais pobre, maior o progresso; e quanto mais rico, pior odesempenho relativo".

"A hipótese de explicação é que fazer universidadetem mais valor para os mais pobres do que para os mais ricos", acreditaNaomar Filho.

Agência Brasil Agência Brasil
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