PUBLICIDADE

Protógenes compara local de pesquisa com beagles a campo nazista

Deputado do PCdoB comandará comissão externa que auxiliará investigações sobre o Instituto Royal

22 out 2013 - 16h56
(atualizado às 19h23)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Cão da raça beagle</p>
Cão da raça beagle
Foto: Eco Desenvolvimento

O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que vai coordenar uma comissão externa sobre o Instituto Royal, comparou a situação do local que abrigava cães da raça beagles, usados em pesquisas científicas, com um “campo de concentração nazista”. Ele será o coordenador da comissão criada nesta terça-feira na Câmara dos Deputados para acompanhar as investigações do caso.

Você sabia? Por que os beagles são usados em pesquisas de medicamentos?

"O ambiente que eu vi lá é um ambiente de tortura. Desculpem, mas aquilo parecia um campo de concentração nazista. Ali, só para vocês terem uma ideia, delegado de Polícia Federal já viu muita coisa. Vi sujeito esquartejado, colega já perdeu um braço, nunca me assustei com nada, nunca me decepcionei com nada. Ali eu passei muito mal", disse Protógenes, conhecido por ter comandado a Operação Satiagraha, na Polícia Federal.

O deputado foi ao local para fazer uma inspeção de fiscalização a partir de uma suspeita de que o Instituto Royal havia recebido verba pública. "Encontrei um ambiente deprimente, muito sujo, muitas fezes de animais, uma quantidade enorme de urina de animais, um ambiente fétido, muito distante da realidade da pesquisa científica", afirmou.

A comissão terá como relator o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) e deve propor um planejamento de trabalho para auxiliar as investigações. Ao final dos trabalhos, o grupo deve propor uma atualização na legislação sobre pesquisas científicas. Inicialmente, o deputado Ricardo Izar (PSD-SP) foi anunciado como relator do grupo, mas a Câmara dos Deputados anunciou a mudança.

Segundo Protógenes, outros países - como França, Estados Unidos, Inglaterra e Suíça - não utilizam animais em pesquisas para testes de medicamentos e cosméticos. "Esses métodos são utilizados no continente africano. Por que está utilizando também no Brasil, se são métodos desatualizados?", questionou. 

Ativistas retiram animais de instituto

Ativistas invadiram, por volta das 2h de 18 de outubro de 2013, a sede do Instituto Royal, em São Roque, no interior de São Paulo, para o resgate de cães da raça beagle que seriam usados em pesquisas científicas. Mais tarde, coelhos também foram retirados do local. Cerca de 150 pessoas participaram da invasão. Ao todo, 178 cães foram retirados do instituto. O centro de pesquisas era alvo de frequentes protestos de organizações pelos direitos dos animais.

Os beagles são usados por ter menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos. Apesar de os ativistas relatarem diversas irregularidades, perícia feita no Instituto Royal não constatou indícios de maus-tratos aos animais. No dia seguinte à invasão, um novo protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes e provocou a interdição da rodovia Raposo Tavares. Quatro pessoas foram detidas.

Em nota, o Instituto Royal refutou as alegações dos manifestantes. "O instituto não maltrata e nunca maltratou animais, razão pela qual nega veementemente as infundadas e levianas acusações de maltrato a seus cães. Sobre esse ponto, o instituto lamenta que alguns de seus cães, furtados na madrugada da última sexta-feira, estejam sendo abandonados", diz a nota, acrescentando que todas as atividades desenvolvidas no local são acompanhadas por órgãos de fiscalização.

Segundo o instituto, a invasão de sua sede constituiu um "ato de grave violência, com sérios prejuízos para a sociedade brasileira, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisa científica no ramo da saúde". A invasão ao local, de acordo com a posição do Royal, provocou a perda de pesquisas e de um patrimônio genético que levou mais de dez anos para ser reunido. O instituto também informou que os animais levados durante a invasão, quando recuperados, serão recolhidos e receberão o tratamento veterinário adequado, podendo ser colocados para adoção.

Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) - órgão responsável pela fiscalização do setor -, afirmou que nenhum animal retirado do laboratório sofria maus-tratos ou tinha mutilações. De acordo com o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, ligado aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. "Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos", disse o pesquisador.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade