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Presídio do Rio de Janeiro faz festa para eleger sua "miss"

25 nov 2015 - 06h11
(atualizado às 11h13)
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Maquiagem, purpurina, roupa de gala, tapete vermelho, júri e câmeras de TV: as detentas do presídio feminino Talavera Bruce, do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, tiveram de tudo nesta terça-feira para se sentirem rainhas da beleza no concurso "Garota TB".

Ao todo, dez internas desfilaram diante dos olhares atentos das famílias e das colegas de cela em uma passarela improvisada no pátio do presídio, à sombra de muros de seis metros de altura com arame farpado e perante a supervisão ininterrupta das agentes penitenciárias.

As candidatas à coroa de "Garota TB" desfilaram duas vezes, primeiro com roupa de praia e depois com vestido longo de festa. O júri, composto por dez pessoas, avaliava os quesitos beleza, simpatia, elegância e desenvoltura.

Michelle Neri Rangel, de 27 anos, foi a grande vencedora e levou a faixa de "Garota TB 2016". Para ela, o concurso era "uma questão de honra".

Michelle Neri Rangel foi a vencedora do "Garota TB" 2015, no Rio de Janeiro
Michelle Neri Rangel foi a vencedora do "Garota TB" 2015, no Rio de Janeiro
Foto: Antonio Lacerda / EFE

"Estou me sentindo mulher. Aprendi a me sentir mulher na prisão", disse à Agência Efe a nova "miss", que se define como "muito sensual" e "ousada".

Michelle, que está presa desde 2010, era garota de programa, se envolveu com um assaltante e acabou condenada a 39 anos de prisão por uma série de roubos, pena que foi acrescida de outros seis anos por prostituição dentro do presídio.

As próprias concorrentes contaram que a coroa de rainha do Talavera Bruce proporciona "status" na prisão e pode ajudar a, por exemplo, conseguir um trabalho dentro da penitenciária e conquistar o respeito das colegas.

A ganhadora do ano passado, Ana Carolina Rosa de Souza, de 22 anos, condenada por tráfico de drogas, garantiu que o título lhe ajudou a conseguir "muitas coisas", inclusive a aprender a "lidar com as pessoas", tarefa que para ela era de extrema dificuldade, pois "só" se interessava por "dinheiro" e não conhecia "a palavra de Deus".

Michelle Neri Rangel, de 27 anos, comemora conquista de concurso de beleza
Michelle Neri Rangel, de 27 anos, comemora conquista de concurso de beleza
Foto: Antonio Lacerda / EFE

"As candidatas têm que ter cabeça erguida, força de vontade e postura. O concurso não é só de beleza. Os jurados também avaliam simpatia e essa é a chance de você se expressar", contou.

Ítala da Silva, de 21 anos, também condenada por tráfico de drogas e que ficou em segundo lugar, se descreveu como "muito vaidosa" e revelou que o concurso a estimulou a "sair da rotina do uniforme de calça jeans e camiseta branca" que todas as internas usam.

Apesar da obrigatoriedade da roupa padrão, o uso de maquiagem é comum na prisão, já que todas gostam se arrumar.

"Nosso dia a dia parece uma disputa pra ver quem está mais arrumada", revelou, em tom de brincadeira, Gisela Trajono, de 31 anos, defendendo que o concurso ajuda a elevar a autoestima.

Para ela, que cumpre pena por tráfico de drogas desde 2012, o concurso rendeu algo mais. Gisela teve hoje a oportunidade de ver pela primeira vez seu neto, um bebê de dez meses.

EFE   
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