Por liberdade, executivo promete não fazer doação a partidos
Advogado afirma que Sérgio Cunha Mendes, da empreiteira Mendes Júnior, colaborou com as investigações da Operação Lava Jato e ainda confirmou o pagamento de propina
A fim de libertar da prisão Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da empreiteira Mendes Júnior, a defesa do executivo propôs nesta sexta-feira à Justiça Federal “um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no sentido de nunca mais fazer doação para campanhas de partidos políticos”.
A defesa afirma ainda que, “ao contrário de outras empresas cujos dirigentes já estão em liberdade, a Mendes Júnior não fez nenhuma doação a partidos políticos para a campanha eleitoral nacional de 2014”. O fim do financiamento privado de campanhas é o tema mais debatido no âmbito da reforma política.
"Nós apenas fizemos um pedido para substituir a prisão preventiva por medidas cautelares. Fica a critério da Justiça decidir ou estabelecer outras condições. É apenas uma alternativa que foi colocada para o caso", afirmou o advogado Marcelo Leonardo após visita a Mendes na tarde desta sexta-feira, na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Mendes está preso na carceragem da PF com mais 12 investigados na sétima fase da Operação Lava Jato, que apura o envolvimento de empreiteiras no esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimento à PF na última terça, Mendes admitiu que pagou propina de R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef – que também está preso – depois de sofrer extorsão.
Além de não fazer doações a partidos políticos, Mendes se dispõe a firmar o “compromisso de não participar, pessoalmente ou através da empresa Mendes Júnior, de qualquer espécie de cartel”, e, ainda, a fornecer os livros contábeis da empreiteira para os investigadores da Polícia Federal.
Questionado se o texto do pedido enviado à Justiça era a confirmação da existência de um cartel, o advogado negou. "De maneira alguma, pelo contrário. Todas as pessoas da Mendes Júnior que foram ouvidas afirmaram que a empresa nunca participou de cartel", respondeu Leonardo. "Coloquei todas as alternativas que podem evitar qualquer fato semelhante àqueles objetos da ação da acusação."
Liberdade com restrições
Na petição, o advogado alega que Mendes não oferece risco nenhum e pede a substituição da prisão preventiva por concessão de liberdade provisória com medidas cautelares (restrições): proibição de manter contato com outros investigados na operação; proibição de sair do País sem autorização judicial; proibição de sair de casa no período noturno e nos dias de folga.
No pedido encaminhado ao juiz federal Sérgio Moro, a defesa afirma que o executivo colaborou com as investigações, respondeu a todas as perguntas feitas pelos delegados da Polícia Federal e, ainda, confirmou o pagamento de propina. De acordo com o executivo, o “acerto” seria necessário para que a Mendes Júnior recebesse os valores de serviços prestados e para que continuasse participando de licitações da Petrobras.
O advogado alega, ainda, que o executivo forneceu aos agentes da PF a senha do cofre de sua casa e que, ao contrário de outros investigados que tiveram as contas bancárias esvaziadas, Mendes tinha R$ 700,4 mil em seu nome, “a revelar que o mesmo não teve acesso a informações privilegiadas sobre qualquer investigação e nenhuma atitude tomou para evadir-se ou evitar sequestro de seu patrimônio pessoal”.