Yoani Sánchez elogia insultos no Brasil por serem demonstração de liberdade
A dissidente de Cuba Yoani Sánchez, autora do blog "Generación Y", confessou nesta segunda-feira que gostou de ver como algumas pessoas protestavam e até a insultavam no aeroporto de Recife por sua visita ao Brasil, pois, em sua opinião, isso mostra que existe liberdade de expressão no país.
"Houve flores, presentes e até um grupo de pessoas me insultando, o que eu gostei muito - confesso - porque me permitiu dizer que eu sonhava que algum dia em meu país o povo pudesse se expressar publicamente contra algo, sem represálias", afirmou a dissidente em uma postagem publicada hoje em seu blog.
Yoani, que nos últimos anos teve seus pedidos para sair de Cuba negados em mais de 20 ocasiões, pôde viajar desta vez graças à reforma migratória em vigor desde 14 de janeiro que elimina, com algumas exceções, a exigência da permissão de saída do país.
O Brasil é a primeira etapa de uma viagem de oitenta dias que a cubana fará por uma dezena de países da Europa e América, entre eles os Estados Unidos.
A blogueira, de 37 anos, chegou nesta madrugada ao aeroporto de Recife, onde tomou um voo para Salvador, para depois se deslocar até Feira de Santana, cidade na qual assistirá esta noite à apresentação do documentário "Conexão Cuba - Honduras", do cineasta Dado Galvão, e no qual ela é uma das entrevistadas.
Tanto em Recife como em Salvador, pequenos grupos de militantes comunistas se manifestaram contra a visita de Yoani ao Brasil mostrando fotografias de Fidel Castro e de Che Guevara, assim como cartazes que a mostravam como "mercenária" e "agente da CIA", o serviço secreto dos Estados Unidos.
"Um verdadeiro presente de pluralidade para mim que chego de uma ilha na qual tentaram pintar com a cor monocromática da unanimidade", escreveu Yoani em seu blog sobre os protestos nos aeroportos, apesar de não ter visto o de Salvador, pois saiu do terminal por uma porta distinta da usada pelo resto dos passageiros.
Em suas primeiras impressões sobre o Brasil, a blogueira também destacou a velocidade das conexões de internet, mais rápidas do que as que está acostumada a usar em Cuba.
"Mais tarde eu acessei também uma internet tão rápida que quase não compreendo, sem páginas censuradas nem funcionários vigiando as páginas que visito", acrescentou.