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Política

Violência em Rio e Brasília marcam protestos com 1 milhão de pessoas nas ruas

20 jun 2013 - 23h55
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Quase um milhão de pessoas saíram de novo às ruas em todo o Brasil nesta quinta-feira para exigir melhores serviços públicos, em manifestações que foram manchadas por incidentes violentos e o registro da primeira morte vinculada aos protestos.

Os manifestantes voltaram a protestar apesar de, na véspera, várias prefeituras, entre elas as de São Paulo e Rio de Janeiro, terem anunciado a revogação dos aumentos nas tarifas de transporte público, que era sua reivindicação inicial.

A grande maioria das manifestações transcorreu de forma pacífica, mas foram registrados incidentes violentos, principalmente em Brasília e no Rio.

No entanto, a primeira morte ocorrida durante os protestos aconteceu longe das capitais, em Ribeirão Preto, onde um jovem morreu atropelado depois que um indivíduo atropelou um grupo de pessoas, segundo confirmou a Polícia Militar de São Paulo em sua conta no Twitter.

A maior concentração de manifestantes de hoje aconteceu no Rio de Janeiro, onde cerca de 300 mil pessoas se reuniram na Avenida Presidente Vargas, segundo cálculos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O número foi muito superior ao das demais cidades, já que o segundo protesto mais numeroso foi o de São Paulo (110 mil), seguido de Recife (50 mil), Brasília (25 mil), Salvador (20 mil), Cuiabá (20 mil), Aracaju (20 mil), Belo Horizonte (15 mil) e Porto Alegre (15 mil).

Segundo dados preliminares de instituições policiais de várias cidades, no total, saíram às ruas de todo o país quase um milhão de pessoas.

Apesar de a multidão no Rio ter marchado pacificamente, a manifestação terminou de forma violenta quando um pequeno grupo supostamente tentou invadir a prefeitura.

Na sede do governo municipal, os manifestantes foram recebidos por bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral da polícia. Nesse momento, segundo a reportagem da Agência Efe pôde constatar no local, várias pessoas abandonaram o protesto e partiram no sentido contrário.

"Estava tudo tranquilo e pacífico, até que chegou um grupo de mascarados, com um líder que chamava para a baderna. Aí começaram a quebrar coisas e subir nos pontos de ônibus", declarou o contador Márcio Soares à Efe.

"Estávamos em paz e a polícia vinha avançado, com tiros de borracha e bombas de gás, não tínhamos pra onde fugir", acrescentou o estudante Olavo Bianchini.

As pessoas que optaram por deixar o protesto saíram da manifestação sem pânico e cantando o hino nacional a plenos pulmões.

Os manifestantes que permaneceram jogaram pedras contra os policiais e incendiaram algumas latas de lixo na Presidente Vargas. No confronto, a polícia usou um caveirão como escudo de proteção e disparou balas de borracha, enquanto um grupo usava tapume como escudo para se proteger das bombas jogadas pelos agentes.

Após o confronto na prefeitura, vários manifestantes invadiram o Terreirão do Samba, também no Centro, e depredaram o local, acendendo várias fogueiras.

Na capital carioca, também houve manifestações no jogo entre Espanha e Taiti, realizado no Maracanã.

"Queremos escolas e hospitais de padão Fifa", era a mensagem em um dos cartazes dentro do estádio. "Nossa luta não acabou, junte-se a nós, companheira", dizia outro com a foto da presidente Dilma Rousseff.

Enquanto isso, em Brasília, a polícia reprimia com gás lacrimogêneo e balas de borracha um grupo que ameaçava invadir a sede do Congresso.

Os manifestantes violentos lançaram pedras e outros objetos contra policiais e atearam fogo em placas de trânsito e, aos gritos de "chegou a hora de ocupar", ameaçaram avançar sobre o cerco policial que rodeava o edifício público.

A polícia conseguiu dispersar parte dos manifestantes, mas os conflitos se transferiram então ao Palácio do Itamaraty, cujas rampas de acesso foram ocupadas por um pequeno grupo.

Antes de serem retirados das imediações da sede do Ministério das Relações Exteriores, os manifestantes quebraram várias vidraçarias e botaram fogo em alguns objetos dentro do prédio, mas as chamas foram rapidamente controladas.

Em São Paulo houve momentos de tensão entre manifestantes e militantes de partidos políticos de esquerda, que queriam levantar suas bandeiras no meio dos protestos.

As manifestações também geraram em distúrbios em Salvador, perto da Arena Fonte Nova, onde Uruguai e Nigéria se enfrentaram pela Copa das Confederações.

A polícia, com um grande desdobramento de soldados e usando gás lacrimogêneo, conteve a passeata a cerca de três quilômetros do estádio, quando um pequeno grupo tentou romper o cerco policial com pedras e paralelepípedos.

Outros incidentes violentos foram registrados em Campinas, Belém e Vitoria quando grupos violentos, sempre em minoria, tentaram invadir edificações públicas.

Em todos os casos, a maioria dos manifestantes pediu a seus companheiros que cessassem o vandalismo para não deslegitimar os protestos.

Dilma vai avaliar amanhã os protestos em reunião programada com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da qual devem participar outros membros do gabinete.

A reunião com Cardozo no Palácio do Planalto foi anunciada na agenda de Dilma divulgada nesta quinta-feira pela Presidência.

EFE   
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