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Política

Sonho de Campos em renovar política é interrompido de forma trágica

13 ago 2014 - 15h11
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O candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, que morreu nesta quarta-feira em um acidente aéreo em Santos, desde a infância se tornou íntimo de uma política que pretendia reformar.

Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Campos, de 49 anos, era filho da deputada Ana Arraes e neto de Miguel Arraes, um histórico líder socialista que, desde a década de 1960, impulsionou as cooperativas agrícolas e os sindicatos em Pernambuco.

Foi neste estado que Campos nasceu e se formou para a política, primeiro com sua família e depois no Partido Socialista Brasileiro (PSB), pelo qual foi deputado estadual e federal e depois governador, entre 2007 e abril deste ano, quando renunciou para concorrer à presidência.

Entre 2004 e 2005, no governo Lula, ele foi ministro de Ciência e Tecnologia, cargo no qual confessava que tinha compreendido a necessidade de apostar na inovação para promover o bem-estar entre os brasileiros.

Durante seus dois mandatos como governador, ele manteve uma popularidade elevada, próxima de 90%, e apoiava e era apoiado pelo PT, até que optou por uma candidatura própria ao Planalto.

Essa ambição, que em sua última entrevista, concedida ontem ao Jornal Nacional, da "Rede Globo", foi classificada por ele como uma "obrigação política", e o levou em setembro do ano passado a romper a aliança que o PSB tinha com o PT.

Na época, Campos comunicou à presidente Dilma Rousseff sua decisão de "deixar a coalizão de governo para discutir livremente sobre o futuro do Brasil", e um mês depois formalizou sua candidatura.

Campos se aliou à ex-ministra Marina Silva, que já havia disputado as eleições presidenciais em 2010 e ficado em terceiro. Na eleição deste ano, como sua candidata a vice, ela o ajudava a ganhar o espaço nacional que ainda não tinha conquistado.

Com seus olhos azuis e voz calma, Campos era considerado um "sedutor", e tanto por sua juventude como por suas propostas era um dos candidatos a renovar a política brasileira. De fato, essa foi a principal mensagem que transmitiu aos eleitores em sua breve campanha.

Em uma recente palestra em um fórum com industriais, o socialista pediu que fosse "renovada a política para modernizar o Estado", pois, segundo ele, o país "não aguenta mais" o modelo defendido por Dilma, o qual chamou de "presidencialismo de coalizão".

Campos condenou a "distribuição de ministérios" entre os partidos políticos em troca de apoio a um líder e declarou que essa prática promove a "ineficácia" do Estado, que permanece refém de interesses políticos particulares e de velhos caudilhos.

"A sociedade não quer mais ser governada de cima para baixo", afirmou Campos, que alegava que o "processo de transformação" que o Brasil precisa não pode estar nas mãos da "velha política".

EFE   
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