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Política

Setor imobiliário de SP usa associação para doar a políticos

14 abr 2009 - 08h03
(atualizado às 08h06)
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A segunda maior financiadora individual de campanhas políticas nas eleições 2008, a Associação Imobiliária Brasileira (AIB), foi usada pelo setor imobiliário de São Paulo, coordenado pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), para que fossem feitas doações pelo setor sem que os verdadeiros responsáveis fossem identificados. A legislação eleitoral proíbe a doação de sindicatos a campanhas políticas. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

A AIB direcionou R$ 6,5 milhões a candidatos nas eleições de 2008 e ficou atrás apenas da construtora OAS no ranking do financiamento de campanhas. Segundo a Folha, no entanto, a AIB não tem website, não tem escritório em funcionamento, é desconhecida no local informado à Receita onde funcionaria sua sede e, segundo seu presidente, Sergio Ferrador, não tem associados nem receita fixa.

As doações da AIB em 2008 foram distribuídas, entre outros partidos, a sete candidatos do PT, dez do DEM e 13 do PSDB. Desde 2002, quando foram doados R$ 426 mil, os repasses sofreram um salto. Em 2004, foram R$ 296 mil; dois anos depois, foram R$ 2,4 milhões.

José Police Neto (PSDB), líder do governo Gilberto Kassab (DEM) na Câmara, foi um dos que mais recebeu recursos entre os candidatos a vereador de São Paulo, R$ 270 mil. Relator do projeto de revisão do Plano Diretor da cidade, ele nega que seja influenciado pelas doações.

Os presidentes da AIB, Sergio Ferrador, e do Secovi, João Batista Crestana, defenderam a atuação conjunta do setor como forma de fortalecer o lobby da categoria, mas negam que a associação seja de fachada. Crestana disse ainda que a AIB foi criada pelas empresas do setor não com o objetivo de driblar a lei, mas sim de fortalecer o setor.

As doações de campanha, no caso de pessoas jurídicas, não podem ultrapassar 2% da renda bruta da empresa no ano anterior. Em relação à AIB, sua receita em 2007 não poderia ser inferior a R$ 324 milhões. Segundo a Folha, a AIB alega que vale o faturamento somado das empresas doadoras.

Ainda de acordo com o jornal, apesar de o presidente da AIB negar irregularidades, no endereço que a associação informou à Receita, em São Paulo, o administrador do prédio, Nildo Pinheiro, disse desconhecer a entidade. No local funciona um projeto social do Secovi.

Fonte: Terra
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