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Servidores protestam pela saída de Adams em frente ao prédio da AGU

29 nov 2012 - 17h25
(atualizado às 19h27)
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Funcionários da Advocacia-Geral da União protestaram com panfletagem e carro de som na manhã desta quinta-feira em frente ao prédio da instituição, em Brasília. Os servidores pedem a saída do ministro Luís Inácio Adams, já que seu braço direito na AGU era José Weber Holanda, um dos acusados de envolvimento em um esquema de tráfico de influência dentro do governo, revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.

Sindicalista segura cartaz do protesto "Fora Adams", em Brasília
Sindicalista segura cartaz do protesto "Fora Adams", em Brasília
Foto: Bernardo Souto / Divulgação

Weber era o segundo na sucessão da AGU, mas foi afastado do cargo após a operação deflagrar. Os servidores se dizem inconformados com o desempenho da cúpula do órgão, e classificou a gestão de praticar uma "advocacia de governo". O presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz), Allan Titonelli, disse que é insustentável a permanência de Adams à frente da Advocacia-Geral.

"Pedimos que a presidente Dilma afaste o Adams, que não tem condições de chefiar a AGU na medida em que não tem legitimidade de nenhum de vocês", disse Titonelli durante discurso aos manifestantes. "Todo esse movimento deu reflexo neste momento. Vimos como a advocacia de governo é nefasta", declarou o sindicalista, que ainda aproveitou o ato para lembrar que há tempos as carreiras pedem melhoria de estrutura e nomeação de aprovados em concursos para completar os quadros.

Na quarta-feira, senadores convidaram o advogado-geral da União a dar explicações na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização (CMA) da Casa. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também irá ao Senado falar sobre a operação da Polícia Federal.

Operação Porto Seguro

Deflagrada no dia 23 de novembro pela Polícia Federal (PF), a operação Porto Seguro realizou buscas em órgãos federais no Estado de São Paulo e em Brasília para desarticular uma organização criminosa que agia para conseguir pareceres técnicos fraudulentos com o objetivo de beneficiar interesses privados. A suspeita é de que o grupo, composto por servidores públicos e agentes privados, cooptava servidores de órgãos públicos também para acelerar a tramitação de procedimentos.

Na ação, foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação.

Exonerada logo após as buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone, cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro.

O inquérito que culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando, arrependido, Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria sido oferecido por Paulo Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado pela PF como o principal articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Em decorrência da operação, foram afastados de seus cargos o inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor da Antaq, Jailson Santos Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Enio Soares Dias. Também foi exonerada de seu cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria de Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da própria Mirelle, que é filha de Rosemary.

Fonte: Terra
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