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Política

Relator da CPI quer a quebra de sigilo do senador Demóstenes

9 mai 2012 - 17h43
(atualizado às 17h59)
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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista, instalada para investigar as relações do empresário Carlinhos Cachoeira com empresários, agentes públicos e políticos, deputado Odair Cunha (PT-MG), confirmou hoje que irá solicitar a quebra do sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). De acordo com ele, o acesso a essas informações é fundamental para a Comissão.

Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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O requerimento pela quebra de sigilo de Demóstenes poderá ser apresentado pela bancada do PT na próxima reunião administrativa da CPI, marcada para 17 de maio.

Com relação à quebra de sigilo de outros envolvidos no caso, como os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), citados nas investigações da Polícia Federal nas operações Monte Carlo e Vegas, Cunha afirmou ainda não ter uma definição sobre o assunto.

Até o momento, a comissão já aprovou, na semana passada, o acesso aos dados sigilosos de Cachoeira, mas as informações bancárias solicitadas ao Banco Central ainda não estão à disposição dos parlamentares.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Agência Brasil Agência Brasil
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