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Política

Relator da CPI dos Correios comemora 'avanço' no mensalão

8 jul 2011 - 19h01
(atualizado às 19h26)
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O pedido de prisão de 36 das 40 pessoas apontadas pela CPI dos Correios em 2006 como participantes do mensalão representa um avanço da Justiça brasileira no combate aos crimes de "colarinho branco". A afirmação é do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), na época relator da comissão e responsável pelo requerimento à Procuradoria-Geral da República de indiciamento dos apontados como envolvidos no suposto esquema, entre eles o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o atual secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto (SP).

Serraglio disse que fica satisfeito porque não há interferência nas investigações conduzidas pelo Ministério Público (MP). "Neste momento, o procurador Roberto Gurgel terá o mandato renovado, não foi sabatinado pelo Senado, e já atua com independência. Com certeza, já foi um avanço (no combate aos crimes de colarinho branco), uma melhora absoluta", afirmou.

Para o deputado, o julgamento das 36 pessoas denunciadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) será um momento histórico para o País. Ele acredita que, até o fim deste ano ou início de 2012, os ministros do Supremo estarão prontos para julgar os denunciados no suposto esquema de corrupção que ficou conhecido como mensalão.

Das 40 pessoas inicialmente apontadas como participantes, a Procuradoria-Geral da República excluiu quatro: José Janene, ex-deputado do PP, já morto; Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, por falta de provas; o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, que fez acordo com o MP; e Antônio Lamas, irmão de Jacinto Lamas, um dos operadores do suposto esquema e assessor do secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, na época presidente do PL.

O líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), um dos sub-relatores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, disse esperar que o STF conclua "com rapidez" o julgamento dos indiciados. "A CPI dos Correios merece destaque porque foi a última comissão de inquérito que deu resultado. Daí em diante, o governo passou a manobrar para que as CPIs não tivessem andamento e, agora, com absoluta maioria, impede essa prerrogativa garantida à minoria", disse.

O presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), limitou-se a afirmar que o procurador Roberto Gurgel cumpriu o prazo que tinha para encaminhar as alegações finais dos pedidos de condenação ao Supremo. Para Sarney, a mensagem que se passa para a opinião pública é de que os processos estão "caminhando". Segundo ele, ainda "levará algum tempo" para a conclusão e julgamento da ação, uma vez que as pessoas apontadas como integrantes do mensalão farão, agora, sua defesa.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Agência Brasil Agência Brasil
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