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Política

Reforma política é antídoto contra corrupção, diz José Dirceu

2 set 2011 - 20h08
(atualizado às 23h04)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado cassado, José Dirceu, afirmou que o 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), que será aberto nesta sexta-feira em Brasília, irá propor a regulação dos meios de comunicação de massa e a "luta contra a corrupção". Afastado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva após denúncias de ser, nas palavras do Ministério Público Federal, o "chefe da quadrilha" do mensalão, Dirceu defendeu ainda a consolidação de uma reforma política para atuar como "antídoto contra a corrupção" e disse que, na avaliação petista, uma reforma tributária deve contemplar a taxação de "grandes fortunas, herança e doação e lucros extraordinários e financeiros".

Com José Dirceu ao fundo, Dilma e Lula participam de abertura do congresso do PT
Com José Dirceu ao fundo, Dilma e Lula participam de abertura do congresso do PT
Foto: AFP

"É um congresso que vai reafirmar nossa luta pela reforma política e pela luta contra a corrupção, com reforma política e com reforma administrativa, com a melhora da eficiência da gestão pública e do controle", disse ele em entrevista à rádio PT. "Voto em lista e financiamento público são a bandeira do PT para eliminar o poder econômico, a corrupção, o caixa dois e democratizar o sistema eleitoral. A reforma política é um dos principais antídotos contra a corrupção", afirmou.

Crise econômica

Sem citar a reportagem da revista Veja, que em sua última edição publicou matéria segundo a qual Dirceu se encontrava em um hotel de Brasília com políticos para "conspirar" contra o governo Dilma Rousseff, o ex-ministro não deu detalhes sobre a proposta de regulação da mídia e preferiu elogiar as medidas tomadas pelo governo para fazer frente à crise econômica mundial.

"O governo da nossa presidente passou ao largo da crise econômica, como o presidente Lula passou em 2008 e 2009. Tomou uma série de medidas para aumentar a competitividade do País, de apoio à educação, à ciência e tecnologia. Agora reduziu os juros. O Brasil está crescendo, vai crescer a uns 4% ou mais", disse.

Na quinta-feira, Dirceu chamou de "ridícula" a reportagem da Veja. "Eu tenho atividade política, converso com ministros e senadores. São meus amigos há 30 anos. Sou consultado, sou ouvido", afirmou, em entrevista ao Jornal da Record News sobre as imagens de câmeras de segurança que registram, por exemplo, a visita do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT). Chamado pela revista de "poderoso chefão", o ex-ministro riu quando foi questionado se tinha "superpoderes". "Sou filiado ao PT, não tenho cargo no governo. Quem sou eu para influenciar (o governo)? Quem influencia é o PT".

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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